O mapa da mina

 O mapa da mina

Barretto: de olho no mundo

Ação integrada da cadeia produtiva com o governo federal define
estratégias de venda internacional
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A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) assinarão um projeto audacioso na abertura da 17ª Feira Nacional do Arroz (Fenarroz), dia 22 de maio, em Cachoeira do Sul (RS). Trata-se do Projeto Setorial para a Internacionalização do Arroz Brasileiro, que tem por objetivo desenvolver ações integradas e planejadas de divulgação e comercialização do cereal nacional em países de grande potencial de consumo ou que sirvam como “janela” de entrada do grão em mercados demandantes.

Esta é a terceira parceria entre Abiarroz e Apex-Brasil, que já realizaram rodadas de negócios na Expoarroz, em Pelotas, em 2011, e também um projeto setorial integrado (PSI) que mapeou as estruturas e interesses das indústrias brasileiras no e para o mercado internacional.

“Temos três níveis de interesse: indústrias que já estão exportando com sucesso, algumas que negociam excedentes ocasionais e outras que não fazem parte deste processo, mas têm interesse. Com o PSI foi possível identificar estas empresas, estudar como é possível padronizar os volumes e organizar um planejamento estratégico de logística, acordos e ajustes da cadeia produtiva para fazer frente ao mercado internacional”, revela o presidente da Abiarroz, André Barretto. Segundo ele, o projeto de internacionalização é o terceiro e decisivo passo desta parceria, que tem por meta fortalecer o setor arrozeiro nacional.

Dentro das especificações do produto nacional (arroz longo fino) e características do mercado, Abiarroz e Apex-Brasil mapearam nove mercados de interesse nos quais serão desenvolvidas ações integradas entre a iniciativa privada e o governo para a aproximação, negociação e consolidação de mercado, em três continentes. Na África, o Brasil direcionará as ações para a Nigéria, África do Sul e Angola. Na América do Sul, Chile e Peru. Na América Central e Caribe, Cuba é o objetivo. Na Europa, o Brasil pretende chegar com mais força na Espanha e em Portugal, de onde pretende derivar para a França e a Itália. No Oriente Médio, os dois grandes parceiros comerciais de interesse do Brasil são a Arábia Saudita e a Jordânia.

AÇÕES
André Barretto, da Abiarroz, destaca que grupos empresariais brasileiros participarão de feiras e rodadas de negócios internacionais munidos de material de divulgação e técnico e amostras do produto nacional, bem como participarão de missões governamentais a países deste grupo de interesse. Entre as vantagens desta ação estão a negociação direta com os clientes, evitando os intermediários internacionais, que reduzirá custos, e a qualificação em comércio internacional que a Apex-Brasil oferecerá aos quadros das empresas. Cerca de 80 indústrias arrozeiras, entre elas cooperativas, participam do projeto, que abrange todo o segmento no Brasil.

SUBESTIMADA

A cadeia produtiva considera que as exportações de 600 mil toneladas projetadas pela Conab estão muito aquém da realidade, pois 350 mil toneladas serão negociadas com quebrados de arroz para a África e mais 300 mil devem ser doações humanitárias dos estoques públicos. “As exportações serão maiores do que projeta a Conab, como já ocorreu nos anos anteriores”, disse Jairton Rosso, do Sindicato das Indústrias do Arroz de Pelotas (RS), Sindapel.

O diretor da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, Tiago Sarmento Barata, considera que, se for mantido o atual cenário de mercado doméstico e internacional, o Brasil tende a exportar mais de 1 milhão de toneladas, o que poderá ganhar impulso com o PEP. “Talvez seja necessária alguma adequação, já que o PEP só pode ser utilizado se os preços do mercado estiverem abaixo do mínimo, de R$ 25,80. Atualmente, estão acima, então qualquer incentivo à exportação dependerá de outros mecanismos ou uma política diferenciada”, destaca.

Barata considera, porém, que há três fatores determinantes para que o Brasil tenha uma exportação expressiva em 2012/13 sem contar com mecanismos de governo: o câmbio com o dólar mais valorizado, que torna o produto nacional mais competitivo e compensa, em parte, a perda do PEP; a qualidade do arroz brasileiro (inclusive dos quebrados), que fidelizou clientes, e as doações humanitárias. “Com o câmbio e a qualidade diferenciada do arroz brasileiro, a cadeia produtiva está encontrando formas de ser competitiva no mercado internacional, e isso é muito positivo. Diria mais, é fundamental para a estabilidade e a recuperação de preços ao produtor no mercado doméstico”, avalia.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), André Barretto, afirma que o esforço exportador tem que ser mantido este ano a qualquer preço. “Exportar arroz, para o Brasil, atualmente é uma questão de sobrevivência ao produtor e à cadeia produtiva, por conta dos baixos preços praticados no mercado doméstico e o excesso de oferta no bloco econômico”, revela. Marco Aurélio do Amaral Júnior, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz Parboilizado (Abiap), destaca o bom desempenho brasileiro nas exportações no ano que passou e enfatiza a importância da elevação no volume de arroz beneficiado (branco e parboilizado) embarcado para outros países, com percentual próximo de 70%. “Isso representa mais empregos e renda dentro da cadeia produtiva nacional, que tem grande relevância social e econômica no Sul do Brasil”.

O presidente da Federarroz, Renato Rocha, acredita que o governo federal precisa assegurar a exportação de pelo menos 1 milhão de toneladas em 2012/13 e desenvolver mecanismos que contemplem incentivos para a venda externa. “E, ao mesmo tempo, é preciso conter as importações em excesso do Mercosul para encontrar o equilíbrio do mercado interno e garantir a viabilidade da lavoura nacional”.

 

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