O próximo passo

Transferência de tecnologia ainda precisa evoluir.

Partindo do princípio que existem genótipos de arroz irrigado e tecnologia de manejo para produzir mais do que o Rio Grande do Sul vem produzindo, quais seriam, então, os fatores que limitam a obtenção de uma produtividade mais
elevada? Segundo Valmir Menezes, estudos da FAO, em 1999, em colaboração com o Fundo Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar), identificam a debilidade da transferência de tecnologia como uma das primeiras causas para a lacuna de produtividade nos países sul-americanos.

A razão básica para o descompasso entre a tecnologia disponível e a adotada pelos
agricultores, segundo o diagnóstico, está na forma como são geradas e difundidas as práticas modernas. “De um modo geral, são geradas longe da realidade dos produtores”, acrescenta Menezes. O agricultor tem muito a dizer para os pesquisadores e os seus conhecimentos práticos são complementares aos dos cientistas.

Associação de Dom Pedrito foi visionária no projeto

Quando tomou conhecimento do método de aumento da produtividade da lavoura arrozeira, o presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, Gilberto Raguzzoni, ficou pensando em como seria importante levar esta proposta aos seus colegas de entidade. Meses depois, quando o engenheiro agrônomo do Irga, Valmir Menezes, palestrou num seminário em Dom Pedrito, a idéia estava formada.
Faltava apenas formalizar a parceria com o instituto de pesquisas. E isso foi possível.

Para Raguzzoni, aproximar a pesquisa e a lavoura é fundamental para buscar a rentabilidade e a sustentabilidade da orizicultura. “Sabemos do potencial que nossa lavoura tem. E queremos alcançá-lo”, assegura. Para tocar o projeto pioneiro, Raguzzoni explica que contaram muito a força da entidade e a participação de produtores abertos a novas tecnologias e organizados.

Uma das vantagens do projeto, elencadas pelo presidente da associação dos arrozeiros, é o fato deste método obrigar a troca de informações entre os lavoureiros dentro do processo. “Além disso, foi preciso qualificar os funcionários, que sentemse integrantes do projeto e sabem do seu papel importante na hora de aplicar cada uma das tecnologias recomendadas”, acrescenta. “A produtividade de 10 mil toneladas será o resultado de nossos esforços para utilizar a tecnologia disponível da maneira correta”, frisa.