O tiro saiu pela culatra

O cenário e perspectivas da cultura do Arroz no Mato Grosso.

A continuidade do plantio de arroz no Mato Grosso está seriamente comprometida. A variedade de arroz Cirad 141 poderá desaparecer depois que literalmente salvou a lavoura por mais de uma década, devido a sua estabilidade de produtividade, rusticidade, boa qualidade de grão, grão longo fino, que desde o seu lançamento (1994/95) sempre foi bem aceito pelo mercado, valorizou a cultura do arroz de sequeiro atraindo algumas industrias que marcaram o inicio das exportações de arroz do Mato Grosso para mercados exigentes do Centro Oeste e Sudeste.

Ao produtor restará plantar somente a cultivar Primavera que sem sombra de duvida criou outro marco anos após o lançamento do Cirad 141, devido ao ponto de panela muito apreciado pela Industria, mas que já deixou muito produtor no vermelho pelos problemas de susceptibilidade a doenças, ao acamamento e as perdas de qualidade muito rápido quando ocorre atraso na colheita após chegar ao ponto de maturação e umidade ideal.

Deve-se considerar que o plantio de arroz no Mato Grosso sempre teve sua base em áreas novas. Com a atual crise no agronegócio e as pressões contrarias as aberturas de novas áreas que representavam em torno de 60% da área de arroz plantada no Mato Grosso, o panorama ainda fica pior para a cultura.

Em destaque; as perspectivas de preço e mercado forte para soja no próximo ano, a pressão para a questão da classe do Cirad 141 que desvaloriza o produto, a inércia do segmento industrial do arroz no Mato Grosso, com algumas exceções, que não tomaram nenhum posicionamento favorável as reivindicações do setor produtivo; a frustração do agricultor com a falta de estrutura para armazenagem; a falta de agilidade e atitude do Governo Federal para atender as solicitações dos produtores e o baixo preço na comercialização da variedade de arroz Cirad 141 em casca, sendo que o produto é misturado no pacote de arroz longo fino causando perda ao produtor e ao consumidor.

Com a baixa quantidade de abertura de novas áreas e o alto risco que o produtor enfrenta ao plantar somente a cultivar Primavera, as perspectivas são de uma redução de 60% da área de plantio de arroz no Mato Grosso, segundo levantamento de intenção de plantio realizado pela Associação dos Produtores de Arroz do MT.

A capacidade ociosa das indústrias locais poderá ser suprida se houver estoque de passagem. No entanto, mesmo nestas circustâncias, haverá comprometimento, pois trata-se dearroz de baixa qualidade, com alto índice de quebrados, grãos amarelos, picados de insetos, manchados e gessados.

Em resumo, a pressão para a substituição do cultivar Cirad 141 errou a hora e o local. Os produtores estão com um prejuízo sem precedente e o Parque Industrial Mato-grossense, para a safra 2005/06, provavelmente não terá matéria prima suficiente. Se o cenário atual se confirmar negativo para a cultura do arroz em nível nacional, haverá necessidade de importação de grandes volumes de arroz para o próximo ano.

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