Ocorrência de La Niña pode afetar a produção de grãos
Apesar de divergirem quanto à intensidade da La Niña – se fraca ou moderada – os meteorologistas acreditam que o fenômeno perdure até o verão.
A safra 2007/08 começa sob a influência da La Niña – fenômeno climático que reduz as precipitações no Sul do País e aumenta os riscos de estiagens regionalizadas. Isso significa que, se o Brasil teve uma colheita recorde – 130,5 milhões de toneladas – o feito pode não se repetir na atual temporada .
– O cenário projetado para a próxima safra é bem diferente da anterior – diz o meteorologista Paulo Etchitchury da Somar Meterologia.
Segundo ele, a última incidência de La Niña foi na temporada 2005/06. Ocasião em que, a produtividade média de soja em Mato Grosso do Sul, por exemplo, foi de 50 a 55 sacas por hectare para 65 sacas por hectare na safra 2006/07. Isto porque na temporada passada o clima foi considerado excepcional.
– Se a área for repetida, a safra não se repete – afirma André Madeira, meteorologista da ClimaTempo. Etchitchury diz que o principal alerta é quanto ao emprego da tecnologia.
– O produtor terá de adequar o manejo e o ciclo das variedades, considerando a possibilidade de um período menor de chuvas ou risco de estiagem – diz.
Apesar de divergirem quanto à intensidade da La Niña – se fraca ou moderada – os meteorologistas acreditam que o fenômeno perdure até o verão. Etchitchury diz que a maior preocupação é no Sul do Brasil – no chamado Pampa, que abrange também áreas do Uruguai e Argentina. Naquela região o forte do agronegócio é o arroz irrigado e a pecuária de corte.
De acordo com ele, para o arroz não haveria tanto perigo e sim, para as pastagens. Mas ele lembra que a região vem de um bom volume de chuvas, ou seja, haveria reservatório. “Haverá redução de chuvas, mas não escassez total”, assegura Etchitchury.
Para o Centro-Oeste e Sudeste a presença da La Niña significa menos chuva no inverno e na primavera e um retorno da chamada “estação das águas” mais tardio. Na prática, segundo Etchitchury, isso pode significar um atraso no plantio.
Para Madeira, a perspectiva é que o fenômeno ganhe força em agosto. Segundo ele, o Sul deve sofrer com redução de chuvas em agosto, podendo afetar o plantio de milho no Rio Grande do Sul – primeiro a iniciar a safra. O meteorologista diz que o Oeste da região Sul do País e Centro-Oeste do Paraná devem ter redução de chuvas em outubro, assim como Mato Grosso do Sul sofrer com a baixa da umidade. Na avaliação de Madeira, isso poderia prejudicar ou atrasar o plantio da safra. Mas, segundo ele, a partir de novembro e dezembro o Centro-Sul tem bom volume de chuvas.
Na última incidência do fenômeno, na safra 2005/06, produtividade média de soja foi 18% menor que a atua em Mato Grosso do Sul.