Operação Nigéria
Brasil quer voltar a exportar ao país africano
que já foi o seu maior cliente no passado,
mas em 2012 criou barreiras tarifárias
.
Atualmente, o arroz brasileiro é exportado para 55 países, com destaque para Benin, Cuba, Senegal, Venezuela, Gâmbia, Nicarágua e Serra Leoa. Um dos mercados potenciais que está sendo sondado pelos exportadores brasileiros é o da Nigéria, que importa 2,4 milhões de toneladas de arroz beneficiado por ano, conforme as estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e já foi o maior importador do Brasil, em 2012, adquirindo 316 mil toneladas do cereal em base casca. Porém, para conter a evasão de divisas, o contrabando e fomentar um projeto interno de autossuficiência, o país africano estabeleceu uma taxa de 50% sobre o arroz importado, o que tornou impossível ao Brasil entrar naquele mercado. Ao que tudo indica, países vizinhos estão importando o produto de diversos destinos e levando para a Nigéria, apesar da barreira comercial.
Nos últimos meses, entidades como a Federarroz, a Associação Brasileira das Indústrias de Arroz (Abiarroz), a Associação Brasileira das Indústrias de Arroz Parboilizado (Abiap) e o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) vêm intensificando a parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o Ministério das Relações Exteriores e da Câmara de Comércio Exterior (Camex) para identificar quais são os gargalos e barreiras sanitárias ou comerciais que têm limitado as exportações brasileiras do cereal e garantido a abertura de novos mercados, como México, Peru, Iraque, e com esforço especial neste momento para a Nigéria. O Brasil também quer retomar participação no mercado da África do Sul.
O diretor de assuntos comerciais da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Benedito Rosa, explica que o mercado mundial de arroz é relativamente pequeno, porque os grandes produtores são também os maiores consumidores, como Índia, Tailândia e Vietnã. “Os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que a produção mundial de arroz é de 477 milhões de toneladas e o comércio mundial gira em torno de 39 milhões de toneladas”, informa.
De acordo com o Mapa, o setor tem potencial para ampliar significativamente sua presença internacional, mas, para isso, é preciso reduzir o custo de produção brasileiro, que atualmente é maior do que o argentino, o uruguaio e o paraguaio. “O custo de produção na Argentina, por exemplo, é de US$ 900 por hectare. No Brasil, esse valor é de US$ 2 mil. A saca de 50 quilos de arroz, que custa em média R$ 32,20 para produzir, é vendida a R$ 33,70”, compara Benedito Rosa.