Oscilação de preços levou o consumidor de arroz a perder a referência
Andressa Silva, executiva da Abiarroz. Foto: GranoSafe
(Por Gisele Loeblein, Zero Hora) Como se fosse o percurso de uma montanha russa, o preço do arroz ao produtor foi de uma alucinante subida em 2024 para uma queda de dar frio na barriga em 2025. Depois de ensaiar uma leve subida em julho e agosto, as cotações da saca de 50 quilos voltaram a cair na primeira metade de setembro, conforme o indicador Cepea/Irga.
A baixa intensifica a preocupação com uma crise na atividade e pode influenciar a semeadura no Rio Grande do Sul, que começa a ganhar força a partir de agora. A intenção inicial de plantio capturada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) aponta um recuo na área de 5,17%.
— Estamos acompanhando em relação a como se desenvolverá a semeadura. No momento, mantemos nosso dados (iniciais) — pontua Eduardo Bonotto, presidente do Irga.
A revisão da projeção costuma ser feita em janeiro, quando o plantio está finalizado. A Federação da Agricultura do Estado (Farsul) preconizava a necessidade de uma redução maior, de 8%, na área frente ao cenário de oferta elevada e preços em queda.
— Esperamos que os produtores se conscientizem de que, com esses preços, vão realizar prejuízo se não diminuírem área — reforça Denis Dias Nunes, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS).
Para a indústria, o cenário atual também é visto com preocupação, porque pode minar a sustentabilidade do setor. Diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva pondera que a redução “é importante neste momento, mas não é uma solução definitiva”. Incentivo às exportações, redução de custos são ações elencadas como importantes para reverter o cenário atual:
— O governo precisa apoiar também em campanha de consumo de arroz, porque a oscilação (de valores) fez com que o consumidor perdesse a referência de preço.
Além da safra 22% maior colhida neste ano, o mercado externo concorrido para o arroz produzido pelo Brasil tem pesado no cenário atual de preços.
— Isso tudo compromete a comercialização e a sustentabilidade da cadeia — completa Andressa


