Pé no freio
RS continua líder absoluto,
mas reduz a produção de
arroz para 2011/12
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O Rio Grande do Sul, estado que representou 65,4% da produção recorde do Brasil na temporada 2010/12, com 8,9 milhões de toneladas de grão entre as 13,61 produzidas na safra nacional, terá uma drástica redução na colheita 2011/12. Mas manterá a liderança. Segundo o levantamento divulgado em janeiro pela Conab, o Rio Grande do Sul deverá colher 7,37 milhões de toneladas de arroz em casca, o que representará uma queda de 17,2% sobre a safra passada e para 64,3% da safra nacional, que chegará aos 11,46 milhões de toneladas, uma retração de 15,8%.
Essa queda produtiva acontecerá por conta da redução de 10,1% da área cultivada, de 1,171 milhão de hectares para 1,053 milhão de hectares, e também em função da queda prevista de 7,9% na produtividade média, dos 7,6 mil quilos/hectare para 7 mil quilos/hectare. Para a Conab, a redução da área semeada é confirmada por algumas causas que podem ser elencadas como a dificuldade de comercialização no ciclo 2011/12, apesar do apoio dos mecanismos do governo, e preços pouco atrativos, aumento no custo de produção e falta de reservas de água para garantir a irrigação completa das lavouras.
A rentabilidade e liquidez do milho e da soja, principalmente desta, atraíram muitos produtores para o cultivo da oleaginosa na várzea. Isso também ajuda a limpar os campos que estão infestados de arroz vermelho resistente a herbicidas pelo uso contínuo das variedades CL.
Mas com dificuldades de acesso ao crédito oficial e descapitalizado, o produtor deve investir menos em tecnologia de manejo da lavoura, o que tende a afetar o rendimento médio por área. Isso, além da estiagem. Para as entidades arrozeiras gaúchas, o indicador inicial da Conab faz sentido, mas o quadro deve ser ainda mais ajustado.
“O clima vai gerar uma produção menor do que o inicialmente previsto, por perdas em produtividade diante da falta de água para irrigação. A colheita será menor do que estima a Conab, mas ainda é cedo para mensurar essa quebra”, reconhece Renato Rocha, presidente da Federarroz.
O Irga divulgou uma redução de 10% da área plantada e estima que haverá uma pequena quebra na produtividade média se a estiagem se estender. “Mas de uma maneira geral a lavoura de arroz vem se comportando bem, pois boa parte da orizicultura gaúcha é baseada em barragens e açudes que reservam água no inverno e, apesar dos mananciais não terem se recuperado integralmente, haverá uma das maiores produções da história do estado, com um alto grau de qualidade”, avisou o presidente do Irga, Cláudio Pereira.
Reconhece, no entanto, que ao contrário da safra recorde colhida no ano passado e plantada na melhor época recomendada, a atual temporada teve um atraso significativo na semeadura em função do clima e até mesmo da renda do produtor.
FIQUE DE OLHO
A colheita do arroz no Rio Grande do Sul começou nos últimos dias de janeiro, mas ganha volume em fevereiro e março. A expectativa é de uma safra de boa qualidade e com um volume que fique entre as cinco maiores da história.
A impressão de quebra se torna maior porque ela é comparada a uma safra recorde, colhida no ano anterior. Uma das grandes preocupações é a capacidade de armazenagem pública no Estado, para garantir o suporte dos mecanismos de comercialização do governo federal.
PERFIL
SAFRA RS
Área (mil ha)
2010/11 2011/12 %
1.171,6 1.053,0 – 10,1
Produtividade (kg/ha)
2010/11 2011/12 %
7.600 7.000 – 7,9
Produção (mil t)
2010/11 2011/12 %
8.904,2 7.371,0 – 17,2
Fonte: Conab – janeiro/2012