Pé no mundo
Brasil mantém exportações e o equilíbrio no mercado
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Mesmo registrando déficit na balança comercial do arroz nos meses de setembro e outubro, o Brasil está conseguindo manter o volume de exportações do cereal ao longo do ano comercial – que vai de março de 2014 até fevereiro de 2015 – e enxugar a oferta doméstica a ponto de gerar equilíbrio de preços no mercado interno. A estratégia é vital à rentabilidade do setor e vem superando a meta das autoridades de remeter ao exterior 10% da produção gaúcha, que equivale a 800 mil toneladas em base casca por ano.
As menores cotações no mercado mundial vêm sendo compensadas pela valorização do dólar estadunidense sobre a moeda brasileira. E a qualidade do produto gaúcho faz a diferença. O Brasil venceu, no Iraque, uma concorrência com Estados Unidos, Tailândia, Uruguai e Argentina para embarcar 30 mil toneladas – base casca – de arroz beneficiado em granel. Com o câmbio favorável, a expectativa do setor é de que os quatro últimos meses do ano comercial sejam de recuperação.
Em média, o Brasil vem exportando 101,5 mil toneladas de arroz em base casca por mês, somando 812 mil toneladas nos oito meses do ano comercial – março a outubro – com aumento de 9,8% sobre igual período anterior. Mantida a média, o país embarcará 1,218 milhão de toneladas no ano. Até outubro, o Brasil é superavitário em 177,1 mil toneladas. Desde março, a cadeia produtiva colocou arroz em 53 países. Em outubro, a balança comercial de arroz foi deficitária pelo segundo mês consecutivo mesmo exportando 34% a mais do que em setembro: 83,1 mil toneladas (base casca). É que o Brasil importou 99,9 mil toneladas.
PORTO
Para Henrique Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), a cadeia produtiva faz um enorme esforço para consolidar mais um ano de exportação líquida. Reconhecendo o esforço setorial, dos terminais e agentes públicos, considera inegável que a grande deficiência brasileira é a falta de um terminal arrozeiro amplo, moderno, ágil, eficiente e com capacidade de carregar granéis e arroz ensacado no Porto de Rio Grande. “Com estrutura, que poderá se tornar realidade a partir do ano que vem, vamos ampliar a capacidade exportadora e a competitividade”, sustenta.
Importação em queda
O Brasil comprou no exterior 634,6 mil toneladas de arroz em base casca entre março e outubro de 2014, o menor volume deste período desde 2009/10. Isso indica uma queda de 11,8% em relação ao mesmo período no ano passado. Em média, o país internaliza mensalmente 79,3 mil toneladas. Por esta média é possível projetar uma compra total de 952 mil toneladas. Mantida a previsão de exportar 1,217 milhão de toneladas, o Brasil deve apresentar um superávit de 265 mil toneladas.
A compra de 28,8 mil toneladas (base casca) de arroz beneficiado da Tailândia pelo Brasil em outubro foi surpreendente e relevante. Desde março, os recebimentos desta origem já somam 89,1 mil toneladas, superando as 71,1 mil toneladas importadas da Argentina e muito próximas das 92,8 mil toneladas adquiridas do Uruguai.