Pegou todo mundo

 Pegou todo mundo

El Niño alcançou as zonas de produção da Argentina, Paraguai e Uruguai
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 Raras regiões produtoras de arroz do Mercosul passaram incólumes pelo período em que um fenômeno climático El Niño gerou chuvas acima da média, temporais e granizo no sul do continente americano. As enchentes alcançaram a orizicultura do Sul do Brasil, de todo o Uruguai e de algumas regiões argentinas e do Paraguai provocando perdas nas lavouras, prejuízos aos agricultores, aumento dos custos de produção e perda da qualidade dos grãos.
No Brasil, a estimativa é de que pelo menos 10% da safra foi comprometida pelo fenômeno, que também provocou seca em regiões como o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste.

No Uruguai, que já registrava a redução de 2,5% na área, para 158 mil hectares, nas enchentes de novembro e dezembro foram apontadas perdas totais em mil hectares e parciais em outros 12 mil. Em abril, 22 mil hectares com a colheita atrasada foram cobertos por água. Estima-se a perda de mais mil hectares e redução produtiva acima de 15%. Com isso, a projeção é de que a produtividade média no país fique abaixo dos 7,6 mil quilos, com produção de 1.185.600 toneladas. Produtores buscam apoio do governo para a reconstrução de estradas e pontes e refinanciamento das dívidas.

Na Argentina, além de atrasar a formação das lavouras, gerar perdas por enchentes e atraso nos procedimentos de manejo, o excesso de chuvas atrasou a colheita e afetou a qualidade do grão. A expectativa é de que as perdas aumentem. Nos 216 mil hectares semeados, a produtividade deverá ficar em 6.580 quilos por hectare, abaixo dos 6.620 previstos em setembro, com perda de 100 hectares. Assim sendo, a produção somará 1.420.622 toneladas, ou seja, 10 mil toneladas a menos do que o previsto em dezembro, e somar uma retração de 10,1% frente à safra anterior.

Orizicultores buscam nos bancos prorrogar vencimentos de custeio e dívidas. O fim das retenciones – impostos sobre as exportações – deve ajudar a Argentina a retomar mercados. Pequenos e médios produtores tiveram dificuldades de acesso ao crédito para realizarem as colheitas, o que levou a Associação Correntina de Produtores de Arroz (ACPA) a buscar medidas junto ao sistema de crédito. Hector Daniel Filigoi, ex-presidente e consultor da ACPA, lembrou que novos mercados estão sendo buscados para o cereal visando a rentabilização dos agricultores e a liberação de estoques que não foram comercializados na temporada passada. Em Corrientes foram perto de 50 mil toneladas acumuladas para o estoque de passagem.

O Paraguai passou por duas enchentes graves, atraso de um terço da área semeada e das operações de manejo e demora em colher os grãos em função do mau tempo. Com isso, projetam-se perdas na produtividade em pelo menos 120 quilos por hectare. Assim sendo, a produção, que deveria alcançar 840 mil toneladas de arroz, poderá chegar, no máximo, a 825,6 mil toneladas, com queda de 3,3%. A colheita do Cone Sul só não será pior por causa do avanço tecnológico e da boa resistência das plantas à inundação. Em geral, se perde apenas o arroz que fica sob correnteza ou mais de 15 dias embaixo d´água ou em fases críticas.

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