Pelotas: qualidade do arroz em debate na Faem/UFPel

Para discutir a qualidade do arroz, cientistas, industriais e produtores estão reunidos em Pelotas, no 2° Simpósio Sul-Brasileiro da Qualidade do Arroz promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós) em parceria com a Faem/UFPel.

Dados do Laboratório de Pós-Colheita e Industrialização de Grãos da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas (Faem/UFPel) mostram que 94% da população brasileira consome arroz pelo menos uma vez por semana e 50% ao menos uma vez por dia.

Para discutir a qualidade do alimento – mais popular que o café com leite – cientistas, industriais e produtores estão reunidos desde ontem, em Pelotas, no 2° Simpósio Sul-Brasileiro da Qualidade do Arroz promovido pela Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapós) em parceria com a Faem/UFPel.

O coordenador do evento, Moacir Cardoso Elias argumenta que ao longo do tempo as pesquisas acadêmicas voltaram suas atenções ao arroz na lavoura, mas a partir da década de 70 a industrialização, o aumento da produção nacional, a concentração do consumo nos centros urbanos e a mudança de perfil do consumidor tornaram necessários investimentos na fase pós-colheita.

– Este espaço entre a colheita e o consumo justifica a importância do pós-colheita – defendeu.

Assim, foi criado o simpósio, com o objetivo de mostrar a produtores e indústria as novas tecnologias desenvolvidas para garantir a qualidade do arroz desde a colheita até a chegada na mesa dos brasileiros.

ALIMENTO POPULAR

A diversificação do uso do arroz como alimento é outro desafio que tem consumido o tempo dos cientistas e será alvo de seis palestras marcadas para sexta-feira, dia 25. Entre as que mais chamam a atenção estão a sobre a parboilização e a que trata da produção de alimentos com farinha de arroz. No primeiro caso, um dos dados que deverão ser apresentados refere-se à descoberta de que o arroz parboilizado libera menos amido ao organismo humano e, conseqüentemente, engorda menos e pode integrar dietas balanceadas.

As pesquisas com a farinha de arroz surgem, por sua vez, como uma esperança aos celíacos (pessoas que não podem consumir glúten) à medida que o produto começa ser testado na fabricação de pão em substituição à farinha de trigo rica em glúten.

O PÓ QUE SALVA A PRODUÇÃO

Ainda dentro do tema controle de pragas na armazenagem, será apresentado a partir das 18h de hoje, a palestra O uso de pós inertes no controle de insetos em arroz armazenado. O trabalho é o resultado da pesquisa de mestrado da bióloga Alexandra Moraes da GP Vetquímica, defendida este ano na Faem/UFPel e que ajudou a desenvolver um produto à base de pó de algas fossilizadas que tem como princípio ativo a sílica e é 100% eficaz no controle do caruncho.

A principal diferença do produto com relação aos inseticidas convencionais usados atualmente é ser orgânico e por isso uma tecnologia limpa que não é tóxica ao ser humano ou animais.

– A grande vantagem do uso deste produto é o fato de ser necessária apenas uma aplicação, pois possui 12 meses de eficiência ao contrário dos químicos usados hoje – explicou.

O produto aplicado no grão já colhido, também pode ser usado nas sementes.

Mais uma vez vencer a resistência dos arrozeiros é o principal desafio dos pesquisadores e empresa envolvida no projeto.

– Vamos tentar mostrar ao produtor da região a importância do uso deste produto que garante um produto final limpo, sem resíduo químico – argumentou.

CONTROLE DE PRAGAS NA ARMAZENAGEM

Manter a qualidade dos grãos de arroz durante a estocagem é um dos pontos que mais exige atenção dos pesquisadores e da indústria de implementos e que será alvo de oito palestras ao longo de todo o evento.

Entre as novidades apresentadas está o projeto de atmosfera controlada, que será apresentado pelo professor Adriano Afonso da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). A universidade é responsável por avaliar e atestar o desempenho de um equipamento capaz de criar uma atmosfera de temperatura artificial em estruturas de armazenagens de grãos.

Com preço variável entre R$ 200 mil e R$ 500 mil o equipamento consiste de um gigante ar-condicionado móvel que pode ser acoplado aos silos. A vantagem é que, embora obedeça ao mesmo princípio do ar-condicionado a máquina não resseca o ar e mantém a umidade relativa em uma variável de 70% a 80% o que evita o ressecamento dos grãos em uma temperatura entre 12ºC e 13ºC.

– Abaixo dos 25ºC o caruncho (principal inseto que ataca grãos estocados) diminui sua taxa de reprodução e de desenvolvimento, com esta temperatura artificialmente baixa se obteve uma redução de 2,2% das perdas – confirmou Afonso. Além do ganho nos silos o equipamento acaba representando economia com inseticidas e dos gastos de energia elétrica com aeradores.

Com a intenção de incrementar o uso do equipamento na cadeia do arroz – até agora a maior parte dos testes foi feita com grãos de soja e trigo – os paranaenses desembarcaram em Pelotas de mala e cuia.

– A cultura conservadora do produtor da região é um desafio, para isso é preciso investir em informação e é isso que faremos – comentou Afonso. A palestra está marcada para as 15h30min de hoje.

Programação

24/11 – QUINTA-FEIRA

8h – 9h50min- Painel I: Projetos inovadores da produção ao consumo de arroz.
10h20min – 11h – Palestra: Qualidade de arroz para indústria, com doutor Moacir Cardoso Elias, professor da UFPel e coordenador do Selo de Qualidade da Abiap. Coordenador: doutor Sinésio Eccel (Sindarroz/SC)
11h – 12h20min – Painel II: Classificação, legislação e tipificação de arroz.
14h – 15h50min – Painel: Secagem e aeração de grãos
16h20min – 17h – Palestra: Microbiologia e qualidade de arroz na pós-colheita com a doutora Vildes Maria Scussel (UFSC)
17h – 18h20min – Painel: Armazenamento e controle de qualidade na pós-colheita

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