Pesos e medidas

O Brasil precisa de canais de escoamento para se firmar como grande exportador.

Mereceu críticas até na ONU a posição do Governo brasileiro de intervir no mercado de arroz para reter exportações. Tais “anúncios”, sem base técnica, contradisseram o discurso de livre mercado adotado pelo país na OMC. Usou diferentes pesos e medidas para situações semelhantes e mudou as regras do jogo de acordo com seus interesses. Isso afeta a credibilidade, atesta a desinformação e consolida a posição do produtor: o Governo não tem uma política séria para o setor primário. Imagine, com este nível de informações, se o ministro da Agricultura respondesse pelo Banco Central… 

Ou seja, para o arrozeiro que convive com concorrência quase desleal do produto do Mercosul (com incentivos para exportação, tributação menor e baixos custos de produção) e com a importação de arroz subsidiado de terceiros países são “questões de livre mercado”. Depois de perdas em cinco safras, investindo para ser competitivo, produtivo e reduzir custos, ele consegue preços atraentes, então o “livre mercado” sai da pauta e entra o “risco de desabastecimento”. 

O Brasil não suporta mais os efeitos do crescimento de produção e importações compulsórias dos países do Mercosul e precisa de canais de escoamento para assumir sua vocação exportadora, sem baixar preços internos ou descapitalizar o setor. O Brasil pode exportar ao menos 800 mil toneladas de arroz (base casca) sem risco de escassez. Com mercado, pode ampliar a produção em até dois milhões de toneladas. Deixa o episódio um show de desinformação, ameaças, desconhecimento dos números reais do setor, confusão no mercado e o risco, este sim, do país perder uma oportunidade rara de consolidar a posição de grande exportador.

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