Ponto Central
Clima será o diferencial
na lavoura de arroz e soja
da Região Central gaúcha.
A Região Central gaúcha esteve entre as mais atingidas pelo clima adverso nesta safra 2019/20. É a região de cultivo mais atrasado e também deve registrar mais perdas em arroz e soja em terras baixas nesta temporada, segundo relato da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apontou perdas de 2,5% a 30% em municípios que decretaram situação de emergência no relatório da estiagem do governo do Estado.
O engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch, do núcleo do Irga em Rio Pardo, explica que houve várias perdas porque os açudes e arroios de pequena vazão não conseguiram abastecer algumas lavouras com o volume necessário para a irrigação. “Estimamos em 15% as perdas, mas há produtores que abandonaram ou perderam 30% da lavoura. Para quem opera com baixa rentabilidade, isso representa que precisará colher bem por três ou quatro anos para recuperar essas perdas”, reconhece. Conforme Tatsch, o plantio já havia ocorrido em boa parte fora de época pelo excesso de chuvas entre setembro e novembro.
O engenheiro agrônomo Jerson Luiz Pinto dos Santos, de Cachoeira do Sul, destaca que as lavouras de terras baixas da região foram afetadas pelos dois extremos. “Tanto o excesso de chuvas entre o final de setembro e o início de novembro, que somou mais de 500 milímetros em 35 dias, quanto um dezembro e início de janeiro extremamente secos afetaram o arroz e, principalmente, lavouras de soja em rotação”, frisa. No caso do arroz, exceto honrosas exceções, o plantio começou para valer perto do dia 10 de novembro, quando houve piso para a entrada das plantadeiras, ou seja, no final da época recomendada.
“Plantio fora de época é certeza de perda produtiva”, observa. Para completar o quadro da lavoura arrozeira, o dezembro foi excessivamente seco, com evapotranspiração elevada, temperaturas acima de 34 graus, redução da eficiência das bombas de água pelo baixo nível dos rios e muitos problemas no manejo da irrigação. “Por melhor que seja o clima até março, abril, é impossível alcançar o melhor potencial”, afirma.
SOJA
A soja em várzea, cultivada em rotação com o arroz, foi quem mais sofreu com a variação climática. Em primeiro lugar o excesso de umidade impedia o plantio e a emergência foi prejudicada. Depois, de 1º de dezembro a 10 de janeiro não ocorreram chuvas importantes e a falta de umidade no solo prejudicava a semeadura e a emergência das plantas. “Por causa das falhas no estande de plantas e na uniformidade das lavouras, houve muitos casos de replantio, mas pelo custo muitos desistiram da operação. “Devemos ter o pior ano de soja em terras de arroz”, resume Jerson Luiz Pinto dos Santos.
Ele lembra que embora existam fatores agronômicos que motivam a rotação com a oleaginosa, o produtor visa renda. “Nesta temporada será difícil”. Com a lição aprendida, a recomendação para 2020/21 é plantar soja em camalhões, otimizando irrigação e drenagem para entrar com água quando for necessário e retirar o excesso em 24 horas.