Pra botar o bloco na rua

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Pegorer: importante é o Mercosul escoar os excedentes

 A partir de 2010, absorvendo tecnologia gaúcha e catarinense, o arroz importado pelo Brasil ganhou forte sotaque guarani. O Paraguai começou a expandir suas fronteiras arrozeiras em ambiente amplamente favorável de solo, água e baixos custos de produção. Mais próximos do que a Argentina do Brasil Central, e com menor tributação, rapidamente os paraguaios assumiram a liderança de fornecimento ao consumo brasileiro, para onde direcionavam mais de 80% da produção. Os guaranis vendiam com lucro ao preço de 11,50 dólares por saca de arroz em casca. Na faixa de 12,50 e 13,50, com o real valorizado perante o dólar e as moedas vizinhas, era um negócio da China.

Mas os paraguaios – e demais fornecedores – não contavam com a desvalorização do real perante o dólar nos níveis atuais por causa da crise política. Ao mesmo tempo, os custos subiram no Paraguai, as restrições ambientais chegaram aos seus mananciais e o clima passou a ter maior peso na medida em que aumentavam as áreas de produção. Ainda conseguiu exportar, mas menos do que esperava e a preços inferiores a 11 dólares por saca. Sob a nova realidade, o país deve entrar o ano comercial 2016/17 com mais de 250 mil toneladas de arroz em estoque, cerca de cinco vezes a média usual. E o Brasil exportará neste ano comercial 2015/16 mais que o dobro do que importará.

Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Arroz (Abiarroz), Mário Figueira Pegorer, o importante é que o bloco econômico encontre formas de enxugar esse estoque, preferencialmente exportando extrabloco. Reconhece que, pelo balanço de oferta e demanda, o Brasil deve importar mais grão em 2016, mesmo que seja para manter-se exportador. “Cada empresa vai traçar sua estratégia para importar e exportar de acordo com o cenário e as oportunidades que surgirem”, resume.

A Conab projeta a importação de 1 milhão de toneladas pelo Brasil no próximo ano comercial. Em compensação, prevê 1,1 milhão de exportações. O analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, considera que as indústrias e o varejo brasileiro deverão importar perto de 1 milhão de toneladas de arroz em base casca para manter o equilíbrio do mercado e equalizar, também, a relação de oferta e demanda do Mercosul. Mas não pode abrir mão de seguir exportando. “O importante é que os excedentes tenham um destino e o equilíbrio entre oferta e demanda assegure renda ao longo da cadeia produtiva”, avisa.

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