Preço do arroz gaúcho sobe 20% em 2016

Uma eventual disparada dos preços nos próximos meses também é obstada pela proximidade da colheita da safra nova.

O mercado brasileiro de arroz se aproxima do final de um ano em que precisou se realinhar ao perfil de importador líquido. “Isto ocorreu depois de cinco anos consecutivos com as exportações superando as importações e foi necessário em função da quebra da safra nacional”, explica o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento,

O fenômeno “El Nino” reduziu em cerca de 1,5 milhão de toneladas o potencial de produção. “Para tornar ainda mais apertado o quadro de abastecimento, no ano de 2015 o Brasil, favorecido pelo câmbio desvalorizado, havia gerado o maior superávit comercial de arroz sem auxílio governamental”, lembra. Esse cenário possibilitou uma elevação de 20% nas cotações do arroz quando se compara a média do Rio Grande do Sul no início de janeiro aos do final de dezembro.

A saca de 50 quilos do arroz gaúcho, principal referencial nacional, era cotada a R$ 49,06 no dia 22 de dezembro. Frente a igual período do mês passado, quando valia R$ 48,81, acumulava ganho de 0,51%. Ante o mesmo período de 2015, a elevação era de 20,34%, quando valia R$ 40,77 por saca.

O quadro para os últimos três meses da temporada é de aperto. Estimava-se uma necessidade das importações superarem as exportações em 800 mil toneladas para que, ao final do ciclo, o país contasse com 873 mil toneladas, suficiente para apenas 26 dias de consumo (menor da história). “Porém, até novembro o país era importador líquido em apenas 171 mil toneladas”, pondera o analista.

“Mantido esse saldo, os estoques finais seriam de apenas 244 mil toneladas e, dada as dimensões continentais do país, não se descartaria problemas pontuais de abastecimento e rápidas disparadas dos preços em determinados mercados”, ressalta. Porém, o ano comercial ainda tem um trimestre para seguir importando mais que exportando e aumentar os estoques finais.

Uma eventual disparada dos preços nos próximos meses também é obstada pela proximidade da colheita da safra nova. Em algumas regiões de Santa Catarina a colheita já se aproxima e, no Rio Grande do Sul, os primeiros lotes serão colhidos em menos de dois meses. “Sendo assim, já é interessante passar a olhar para a próxima temporada”, comenta o analista.

Números de SAFRAS & Mercado apontam para uma produção próxima a 12 milhões de toneladas, suficiente para cobrir o consumo nacional, mas não para recompor os escassos estoques de passagem. Sendo assim, na próxima temporada o Brasil seguirá com a necessidade de importar mais que exportar. “Mais uma vez teremos a paridade de exportação no momento de ingresso de safra e a de importação na entressafra”, comenta Bento. Com produtividade alta e preços ainda em bons patamares, o próximo ano tende a ser positivo para o setor produtivo de arroz.

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