Preço do arroz sobe, mas País perde em competitividade
Para Maurício Fischer, presidente do Irga, se o produtor brasileiro não contar com apoio do governo federal para a comercialização do produto e se o real se mantiver sobrevalorizado, o País deve continuar sem competitividade.
Apesar da previsão de inversão no cenário das cotações do arroz no mercado interno, o setor prevê excesso de oferta para a safra 2011/2012, e consequente queda nos preços do cereal. Para Maurício Fischer, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), se o produtor brasileiro não contar com apoio do governo federal para comercialização do produto e se o real se mantiver sobrevalorizado, o País deve continuar sem competitividade. "Para as próximas temporadas, a tendência é que sobre cada vez mais arroz", afirma, lembrando que a previsão de excedente do grão vale para o Mercosul, devido à influência positiva esperada com o fenômeno La Niña.
De acordo com Fischer, o setor produtivo aguarda para a próxima semana a liberação de R$ 50 milhões em Prêmio para Escoamento de Produto (PEP), para vender 500 mil toneladas de arroz ainda da safra 2009/2010. O governo teria se comprometido, ontem, em disponibilizar o recurso.
Levantamento da Safras & Mercado aponta uma produção para a safra 2011/2012 de 13,07 milhões de toneladas, ante os 11,56 milhões de toneladas em 2010/2011.
Segundo Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, as variáveis externas hoje proporcionam suporte para recuperação nos preços. Até o fim do ano a saca do produto pode chegar a R$ 29. No Rio Grande do Sul, atualmente o preço está em R$ 25,30, o menor valor desde junho de 2009.
Ainda de acordo com Bento, o ritmo dos negócios é lento, já que os engenhos não têm necessidade imediata de adquirir o produto e os orizicultores aguardam preços mais atrativos. "A queda nas cotações durante o ciclo atual se deve à pressão externa pela paridade de importação", diz, considerando que os preços internacionais que estiveram em baixa e o real valorizado, além da possibilidade de compras externas a preços baixos impediu a recuperação no mercado doméstico.
No entanto, a alta expressiva nos valores do cereal norte-americano neste mês deve modificar a formação de preços no Brasil.
O arroz beneficiado dos Estados Unidos, que há um mês, era cotado a US$ 440 a tonelada, contra US$ 500 por tonelada do mesmo produto no Uruguai, nesta última semana de outubro é indicado a US$ 565, avanço de 28%. "Isso abriu espaço para os exportadores do Mercosul tirarem o foco das vendas no Brasil", diz Bento.
No Uruguai a exportação de arroz beneficiado bateu US$ 540 a tonelada destinada a Porto Rico. Com isso, os exportadores do país vizinho elevaram o referencial de preços de US$ 510 para US$ 530 a tonelada. No arroz em casca, segundo o analista, também é possível notar mais firmeza nas cotações internacionais. Em Chicago a tonelada é cotada a US$ 314 e no Uruguai a US$ 290 por tonelada.
Além dessas variáveis, o analista destaca outra movimentação que indica o fim das quedas nos preços do arroz no País.
De acordo com o analista, indústrias no Mato Grosso estão arrendando produção no Rio Grande do Sul para enviar o produto beneficiado para o mercado do centro-oeste. "Esta operação se dá pela escassez de oferta na região. As cotações estão acima de R$ 40 por saca de 60 quilos", diz.
No mercado gaúcho, segundo Bento, as indústrias encontram oferta por até R$ 24 a saca de 50 quilos e R$ 29 a de 60 quilos.
Além da influencia do câmbio nos preços do arroz brasileiro, de acordo com Fischer, o Brasil perde mercado devido ao alto custo de produção e transporte, e incidência de impostos. "O governo tem que parar de incentivar a produção em outros países. Nossa proposta é desonerar 8% em impostos na cadeia produtiva."