Preços do arroz mostram tendência de estabilidade em Santa Catarina

 Preços do arroz mostram tendência de estabilidade em Santa Catarina

Produção catarinense consome 90 litros de diesel por hectare

Mesmo com tendência de estabilidade e até queda, os preços catarinenses em novembro estão 67,5% maiores em relação ao mesmo período do ano passado.

Em novembro de 2020, os preços começaram a mostrar tendência de estabilidade. Em relação à outubro, as cotações novembro foram 0,08% menores em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, essa variação foi de -1,33%, com os preços em queda moderada desde o mês de setembro. O volume colhido da safra 2019/20 já foi praticamente todo negociado, restando menos de 3% da produção em estoque. Comparando o comportamento esperado para os valores referenciais e o observado neste ano de 2020 em Santa Catarina, constata-se que este é um período em que os preços começam a mostrar sinais de estabilidade, devendo se manter assim até a entrada da colheita da próxima safra, cujo plantio está em fase final.

No entanto, neste ano o comportamento do mercado está atípico. Mesmo com tendência de estabilidade e até queda, os preços catarinenses em novembro estão 67,5% maiores, em termos reais, em relação ao mesmo período do ano passado.

Embora os preços tenham se mantido elevados ao longo de toda a safra, a comercialização do grão no estado de concentrou entre janeiro e julho, quando ocorre a colheita. A Figura 2 mostra a evolução do percentual estimado de comercialização do arroz em casca por mês no estado e os preços médios praticados de janeiro a novembro de 2020. Observa-se que de janeiro a julho aproximadamente 87% da produção já havia sido comercializada, ao preço médio de R$ 51,42/sc de 50kg.

Isto ocorre pela necessidade dos produtores em “fazer caixa” para quitar dívidas de financiamento e cobrir seus custos de produção. Os 13% restante alcançaram preços maiores, mas poucos produtores comercializaram acima de R$ 60,00 por saca. Com preços elevados, alguns produtores tiveram a oportunidade de capitalizar e poderem investir na safra 2020/21,

Relação de troca

A Figura 3 mostra a relação de troca entre o preço do arroz em casca e alguns dos insumos de maior peso no custo de produção, desde a safra 2014/15. No período analisado, a relação de troca entre o grão e os principais insumos utilizados na produção se mostrou favorável ao produtor em alguns momentos. Isto porque, nesses momentos, o valor do arroz estava elevado devido à escassez de oferta, ocasionada por problemas climáticos. Na safra 2020, os preços ao produtor foram elevados, mas como os principais adubos e agrotóxicos são importados, a elevação do dólar levou ao aumento do valor desembolsado por tais insumos.

Apesar disso, a valorização das cotações ao produtor foi superior ao incremento de preço observado nos insumos, resultando em relação de troca favorável ao produtor nos insumos analisados. Considerando o adubo de cobertura, ureia, que representa cerca de 4% dos custos variáveis, na safra 2019/20 eram necessárias cerca de 1,8 sacas de arroz para adquirir uma saca de 50 kg de ureia. Na safra 2020/21, houve uma redução de 24% nessa relação, sendo necessárias 1,38 sacas de arroz para adquirir uma saca de ureia.

Para o diesel, que representa cerca de 5% do custo variável de produção, essa relação também se mostrou decrescente e favorável ao produtor, sendo necessário cerca de 0,05 saca de arroz para adquirir um litro de diesel. Isso representa uma redução de 34% em relação à safra 2019/20.

Para produzir um hectare de arroz, são necessários, aproximadamente, 90 litros de diesel para todas as operações com trator e TAI (trator para aplicação de insumos), de forma que quanto mais favorável essa relação de troca maior tende a ser a margem líquida do produtor. Já para a mão de obra, são necessárias 6,8 diárias para produzir um hectare de arroz, o que representa 12,7% do custo variável, excluídos os salários mais os encargos dos operadores de trator.

A relação de troca com este insumo tem sido desfavorável ao produtor nas últimas safras, o que não ocorreu na safra 2020/21. Na safra 2019/20, foram necessárias 2,64 sacas de arroz para custear uma diária de trabalhador rural. Na safra 2020/21, houve uma redução dessa relação em 34%, sendo necessárias 1,74 sacas de arroz para adquirir a mesma quantidade de mão de obra.
Embora o mercado esteja favorável ao produtor e a comercialização da safra 2019/20 tenha permitido a capitalização, a elevação dos custos de produção da safra atual deve ser analisada com cuidado, pois a comercialização no próximo ano ainda apresenta muitas incertezas quanto aos preços a serem pagos pelo grão.

Comparativo de safra

O plantio da safra de arroz 2020/21 está encerrado, com algumas áreas, plantadas mais cedo, em floração, especialmente no litoral norte do estado. De maneira geral, as lavouras estão com desenvolvimento dentro da normalidade, com a condição de lavoura apontando para 95% da área em situação boa ou ótima. Nas últimas semanas, foi registrado aumento da temperatura média, fator importante para esta fase de florescimento das lavouras.

A estimativa atual da safra aponta para uma estabilidade na área plantada, em torno de 149 mil hectares. Em relação à produção e produtividade, é esperada uma redução de 5,67% em comparação à safra anterior. Isso decorre do fato de que na safra passada, 2019/20, a produtividade média obtida foi superior às observadas nos anos anteriores, especialmente no sul do estado, graças à uma conjunção de fatores, como a distribuição das chuvas, luminosidade adequada, uso de cultivares de alto potencial produtivo e incremento tecnológico. Assim, para esta safra a produtividade deve retornar a um patamar tido como normal para o estado.

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