Presidente Ivan Bonetti, do Irga, se demite
(Por Planeta Arroz) O engenheiro agrônomo Ivan Saraiva Bonetti não é mais o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Sua demissão, a pedido, foi publicada no Diário Oficial do Estado na manhã de hoje, 1º de junho. O agrônomo foi indicado ao cargo pelo então secretário da Agricultura, Covatti Filho, que retornou ao Congresso Nacional na condição de deputado federal, mas esperava que com seu apoio – e da mãe, Silvana, atual secretária – Bonetti conseguisse avançar na pauta de recuperação dos recursos da CDO e modernização da estrutura do Instituto. A burocracia e a falta de vontade política no governo estadual predominaram. Bonetti abdicou de um salário de R$ 25 mil na assessoria parlamentar para receber cerca de R$ 7.500,00 na direção do Instituto.
Nesta segunda-feira, dia 31 de maio, o diretor técnico do Irga, Ricardo Kroeff, também deixou o cargo. Funcionário de carreira, Kroeff também se mostrou bastante decepcionado com a incapacidade de resolver problemas burocráticos e de recursos internamente. Além do resgate dos recursos do Irga, a diretoria vinha sofrendo com alguns impasses e interferências externas, como a nomeação de cargos políticos – como candidatos a vereadores não-eleitos para vagas técnicas.
A falta de apoio a um plano de reestruturação do organismo elaborado por um grupo de trabalho, os inúmeros obstáculos colocados pelo Estado e a Assessoria Jurídica na renovação de contratos com o Fundo Latino Americano de Arroz Irrigado (Flar) que oferece base genética para o melhoramento de plantas do instituto, o convênio com o Cepea/Esalq/USP para a manutenção do indicador de preços do arroz no RS, a compra de veículos para a equipe de extensionista que está usando carros próprios para se deslocar às lavouras, são algumas das frustrações dos dirigentes. Um deles revelou que as vezes até existe o recurso, mas ele emperra na burocracia, uma vez que a Casa Civil não permite abrir edital.
“De que adianta ter o recurso, a lavoura recolher quase R$ 100 milhões por ano e um diretor ou presidente do Irga não poder fazer uma licitação de R$ 60 mil para comprar um veículo para os agrônomos darem suporte às lavouras?”, foi um dos questionamentos de Kroeff.
A falta – pelo segundo ano seguido – de recursos para fazer a geração de sementes e linhagens de inverno, no Nordeste – que reduz à metade o tempo dedicado a obter novas variedades – entre outras coisas. A diretoria também sentiu-se hostilizada por parte dos integrantes do conselho e entidades que passaram a cobrar dos dirigentes recém chegados, soluções imediatas. A inacessibilidade ao núcleo do governo, a blindagem do governador e a inconsistência dos argumentos da Casa Civil, complementaram o cenário que levou os dois dirigentes a deixarem o cargo.
Cabe, agora, ao governador nomear nova composição. Difícil vai ser achar, com tanta falta de vontade por parte do governo, alguém que tenha o apoio da lavoura e que assuma a luta pelo repasse dos recursos. Com o período eleitoral iniciando dentro de um ano, a expectativa é da nomeação de um político alinhado ao governo para um mandato tampão de presidente e que as questões do instituto sejam empurradas com a barriga até 2022.
Pela lógica, o diretor administrativo, Eduardo Milani, que tem sido uma grata surpresa na função, deverá assumir a função de Bonetti temporariamente, até com chances de ser guindado à presidência pela sua proximidade com a família Covatti.
Para a diretoria técnica está indicada a engenheira agrônoma Flávia Tomita, atual gerente da Divisão de Pesquisas, funcionária de carreira.
O diretor comercial e industrial, João Batista Camargo Gomes, confirmou que permanece no cargo e entende que as decisões de seus ex-companheiros de diretoria está atrelada a decisões particulares. “Fui convidado pela cadeia produtiva e pretendo fazer o máximo esforço para desenvolver a função e atender às expectativas”, resumiu.
MOÇÕES
A partir de um movimento deflagrado pelo conselheiro e ex-presidente da Federarroz, Henrique Dornelles, diversas associações setoriais têm cobrado do governo estadual uma posição a respeito do Irga. A Associação de Arrozeiros de Alegrete foi a primeira a pedir explicações à direção do Irga, com cópia ao governador, sobre as promessas de repasse da CDO integralmente ao instituto e soluções para os impasses estruturais da instituição. Outras associações se mobilizaram e Câmaras Municipais, como a de São Borja e de Camaquã, já se manifestaram com moções em defesa do instituto, dos arrozeiros e da reposição dos recursos da autarquia. Atualmente, o Estado deve mais de R$ 260 milhões ao Irga em recursos que foram bloqueados pelo Caixa Único da Fazenda Estadual para serem usados em outros fins. A CDO é a taxa de Cooperação para DEFESA da Orizicultura.