Previsão climática para o Inverno de 2017
Autoria: Jossana Cera – meteorologista e consultora do Irga.
O mês de abril apresentou chuvas acima da média histórica em todo o Rio Grande do Sul, principalmente na metade Oeste (lembrando que os valores médios climatológicos variam de região para região). Em São Borja, por exemplo, a precipitação atingiu a incrível marca de 550 milímetros, causando vários transtornos naquela região. A primeira quinzena de maio continuou muito chuvosa na metade Oeste do Estado (entre 100-150 mm), e em alguns locais da Fronteira Oeste e Campanha a precipitação já ultrapassou os 150 mm.
Contudo, o Oceano Pacífico continua apresentando condições características de neutralidade. O mapa (Imagem 1) mostra a Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar durante o mês de abril, onde o retângulo mostra a região do Niño3.4, região onde os centros internacionais usam para calcular o Índice Niño (índice mais usado para definir eventos de El Niño e La Niña). A área marcada pelo círculo, no Oceano Atlântico Sul, está com o aquecimento de suas águas em declínio. Esse aquecimento anormal acaba trazendo mais umidade ao Rio Grande do Sul, principalmente no Centro-Leste do Estado, muitas vezes ocasionando mais chuvas nesta região.
Conforme a última atualização (11 de maio) do IRI (International Research Institute for Climate and Society, da Universidade de Columbia-EUA), a previsão é de neutralidade até a metade deste ano. Para o segundo semestre, a probabilidade para a continuação da neutralidade ou para ocorrência do El Niño é a mesma, ou seja, 50%. Vale ressaltar que as previsões durante o período do outono não têm alta confiabilidade, por isso é muito importante continuarmos monitorando as previsões nos próximos meses. Além disso, as águas subsuperficias que ressurgem no Oceano Pacífico também não estão intensas, o que, por enquanto, descartaria que o possível El Niño venha a ser de grande intensidade.
As previsões do modelo utilizado pelo CPPMet da UFPel indicam chuvas acima da média histórica em parte da Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul do Rio Grande do Sul para maio e junho. Já para julho, a previsão é de chuvas dentro da média histórica (Imagem 2). Analisando as previsões de outros institutos, observam-se algumas diferenças, pois alguns indicam chuvas acima do normal para o próximo trimestre para o RS, enquanto outros indicam chuvas dentro do normal. Independente disso, é preciso que o orizicultor monitore a previsão de curto prazo, afim de minimizar os impactos de possíveis temporais com risco de enchentes, vendavais e granizo.
Com isso, recomenda-se ao orizicultor que, ao término da colheita, se faça a limpeza e manutenção dos drenos, se antecipe as reformas de bueiros e pontilhões, assim como os reparos nas barragens. Deve-se ficar atento ao sistema de irrigação no caso de cheia em rios, além de fazer o preparo antecipado do solo, visto que, mesmo com neutralidade, sempre há riscos de chuvas volumosas na primavera