Produção de arroz quilombola é de 100 mil Kg

ONG Guayí planeja iniciar a comercialização em 2008. Este é o terceiro ano de multiplicação de sementes produzidas nas comunidades de descendentes de escravos.

Enquanto realiza festas da colheita do arroz quilombola e organiza as que ainda faltam para 2007, a ONG Guayí comemora o resultado da colheita de 100.000 quilos, provenientes de uma plantação de 2.500 quilos feita em novembro do ano passado em seis comunidades de descendentes de escravos.

– É um trabalho de existência, não para subsistência; estamos multiplicando as sementes para em 2008 partir à comercialização – contou entusiasmado o coordenador do núcleo Ecologia e Agriculturas Nelson Dias Diehl.

As comunidades envolvidas estão localizadas em três municípios e são elas: Capororocas, em Tavares; São Miguel dos Pretos e Rincão dos Martimianos, em Restinga Seca; Teixeiras, Casca e Beco dos Colodianos, em Mostardas.

Origem na África

A espécie Oryza glaberrima, cultivada nas áreas quilombolas, tem origem na África, tendo sido difundido antes do arroz asiático no Brasil e pelo mundo através dos negros vítimas da escravidão.

– Assim como o africano nos apresentou a melancia, o inhame, a pimenta-malagueta, o fez com o arroz e o complexo conhecimento que detinha para o seu cultivo – explicou Diehl.

Este é o terceiro ano do projeto cujo objetivo foi multiplicar as sementes vindas de outros estados brasileiros, como o Maranhão. Em 2005, de um quilo e 800 gramas plantados colheu-se 800 quilos. Já em 2006, dos 250 quilos plantados colheu-se de 10 mil quilos.

Identidade cultural

Se ainda hoje o arroz – ao lado do feijão-, tem a sua importância confirmada no prato do brasileiro, foi por que o povo negro resistiu, lá atrás, arduamente com a sua cultura. Sob a pressão de violência, tortura, prisão e morte. A consciência desta história e identidade, além da produção ecológica deve levar ao consumo ético.

O projeto prevê também a realização de oficinas culinárias e de um Seminário Estadual. O Projeto Arroz Quilombola Oryza glaberrima é organizado pela ONG Guayí (www.guayi.org.br); tem as parcerias da Federação das Associações das Comunidades Quilombolas do RS, Núcleo de Economia Alternativa da Ufrgs, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mostardas e Companhia Nacional de Abastecimento. O patrocínio é da Petrobras.

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