Produção enxuta
Com papel estratégico no abastecimento, SC assegura oferta linear
Mesmo com o avanço da pandemia, a orizicultura catarinense não parou e mantém sua estabilidade em área. Mas, sem o clima muito favorável da temporada passada, deve alcançar produção pouco menor. “Começamos bem o ano, com alguns problemas pontuais de irrigação e, depois, chuvas mais fortes em outros pontos, mas o nível das lavouras é bom e aguardamos uma safra dentro da normalidade”, disse Vanir Zanatta, presidente da Cooperja.
A economista Gláucia Padrão, da Epagri/Cepa revela que as lavouras apresentaram situação boa ou ótima em 95% da área. Em janeiro as temperaturas começaram a aumentar, fator importante para a fase de florescimento. No final do mês, porém, as chuvas atrapalharam as operações.
Espera-se estabilidade na área plantada, em 149 mil hectares. Já produtividade e produção devem ter uma queda de 5,67% em comparação à safra anterior. Mas, na temporada 2019/20 o rendimento foi excepcional, em especial no sul do estado, graças a fatores como a distribuição das chuvas, luminosidade, cultivares de alto potencial produtivo e incremento tecnológico. “A produtividade deve retornar ao nível normal”, explica.
PREÇOS
Os preços em dezembro ficaram 62,49% maiores, em termos reais, em relação ao mesmo período do ano passado. “As importações de fora do Mercosul, fortalecidas pela isenção de impostos promovida pelo governo federal não resultou no efeito desejado nos preços internos. O dólar valorizado elevou a paridade”, observa Gláucia Padrão.
O preço médio nominal da saca de 50 quilos em Santa Catarina, em 2020, fechou em R$ 64,65, apesar dos valores referenciais terem se mantido elevados ao longo do ano. “A maior parte das vendas ocorreram perto da colheita, entre janeiro e julho. Muitos arrozeiros financiam o custeio da safra e precisam vender para liquidar o financiamento. As incertezas do mercado levaram mesmo quem não tinha imediata necessidade de fazer caixa, a negociar com receio que o comportamento dos preços mudasse e mostrasse tendência de baixa”, ilustra.
Entre janeiro e julho cerca de 87% da colheita catarinense já havia sido negociada a preço médio de R$ 51,42/50 kg. Os 13% restante alcançaram referências maiores, mas poucos obtiveram mais de R$ 60,00. Quem conseguiu, teve oportunidade de se capitalizar e investir na safra 2020/21.
Custos de produção estabilizaram
Contrariando a expectativa inicial, em termos reais, os custos da produção e arroz em Santa Catarina não se alteraram significativamente, em especial nas últimas três safras, segundo estudo realizado pela economista Gláucia Padrão, da Epagri/Cepa. “Havia uma expectativa de que com a alta do dólar, os preços dos defensivos, em sua maioria importados, aumentassem e trouxessem prejuízos ao produtor”, observa.
Contudo, em termos nominais, o estudo demonstrou que o aumento dos preços dos principais agrotóxicos utilizados na produção de arroz irrigado foi de 7,77%, enquanto, em termos reais, houve até uma redução: de 11,75% nesse. “O maior peso nos custos de produção continua sendo o arrendamento de terras, que participa com mais de 37% do custo variável”, afirma.
Estima-se que cerca de 60% da área semeada em Santa Catarina seja arrendada, percentual que vem aumentando gradativamente, segundo levantamento realizado anualmente pela Epagri/Cepa. Mão de obra e colheita ocupam, respectivamente, a segunda e terceira posição nos itens de custo variável de lavoura orizícola e representam, juntos, cerca de 25%.
Com isso, enquanto a estimativa é de que o custo total de produção por saco na safra 2020/21 tenha aumentado em 1,36% na comparação com a safra anterior, o preço médio ao produtor, até o momento, aumentou 39,9%, comparando os dois períodos, gerando uma margem média (Preço médio menos custo total) de R$ 18,72. Este valor permite capitalização e investimento nas safras futuras.
É importante lembrar que essa margem vem se mostrando negativa ao longo da última década, o que tem justificado a saída de rizicultores da atividade. Cabe destacar que a margem é parcial, haja vista que a colheita está em andamento e a tendência natural de redução dos preços – se confirmada – pode a reduzir os percentuais. A boa notícia é de que deve permanecer positiva.
Fique de Olho
Em 2020, as exportações catarinenses de arroz cresceram aproximadamente 607% em relação a 2019, totalizando US$20 milhões e 1,2 mil toneladas em equivalente arroz casca. Os principais compradores foram África do Sul, Guatemala e Senegal. Do lado das importações, o aumento observado na comparação entre 2020 e 2019 foi de 225%, totalizando US$ 27,5 milhões e 74,5 mil toneladas. No ano de 2020 as importações superaram as exportações em 73,3 mil toneladas, com déficit na balança comercial de US$ 7,3 milhões. Os principais países de origem foram Guiana, Uruguai e Estados Unidos, que entraram no mercado catarinense favorecidos pela isenção da Tarifa Externa Comum (TEC).