Produtor de arroz retém safra para a indústria pagar mais
A estimativa para a produção do estado é de 6,3 milhões de toneladas, contra 6,75 milhões do ano passado. A diferença, segundo Fisher, deverá ser reposta pela importação de mercados vizinhos, como da Argentina e Uruguai com até 1 milhão de toneladas a serem compradas..
Os produtores de arroz dos Estados do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso estão segurando suas produções para forçar uma possível elevação da saca, hoje cotada a uma média de R$ 23 e R$ 26, respectivamente.
Fatores climáticos, desvalorização do dólar (a moeda norte-americana fechou ontem cotada a R$ 1,982) frente ao real e uma menor área de plantio são os fatores que deverão ocasionar, segundo fontes ouvidas pelo DCI, redução na safra deste ano que começou em março último.
Maior produtor do País, com pouco mais de 55% da produção nacional para o grão inteiro 11,3 milhões de toneladas é a safra estimada no País este ano , o Estado do Rio Grande do Sul já trabalha com estatísticas reduzidas para esta safra.
De acordo com Maurício Fischer, presidente do Instituto Rio-Grandense de Arroz (Irga), o reflexo no preço da saca de 50 quilos por conta da redução da área de plantio irrigada nas regiões da fronteira do oeste e Campanha, além do câmbio desfavorável para exportação, são fatores determinantes para que o produtor segure o arroz para vender meses depois.
– O produtor retendo a oferta, tem elevação de preços – diz Fisher.
A estimativa para a produção do estado é de 6,3 milhões de toneladas, contra 6,75 milhões do ano passado. A diferença, segundo Fisher, deverá ser reposta pela importação de mercados vizinhos, como da Argentina e Uruguai com até 1 milhão de toneladas a serem compradas.
– Embora a Argentina tenha registrado queda de 20% na safra deste ano por conta de fatores climáticos, a exportação para o Brasil está garantida – conta.
A previsão, ainda de acordo com o executivo, é de que o preço da saca do arroz seja recuperado no segundo semestre do ano, com expectativa de chegar a até R$ 26 a saca.
– A dificuldade de adquirir maquinário para a lavoura e insumos também está prejudicando os produtores – enfatiza.
Para Valter Pötter, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), a vantagem da saca mais barata no estado é que o produtor está ganhando outros mercados, como no Mato Grosso.
– A demanda deverá ser maior no segundo semestre, sobretudo para excedentes da safra interna, que pode chegar a 1 milhão de toneladas.
No Estado do Mato Grosso, uma briga de preços entre produtor e indústria de arroz pode levar no aumento do valor do produto para o consumidor final. Em todo o estado, os produtores estão retendo a safra apostando na melhora do valor, que está entre R$ 23 e R$ 25 a saca. A expectativa é que chegue até R$ 28, mas o setor industrial afirma que terá que repassar o prejuízo. Para o presidente do Sindicato do Arroz do Mato Grosso (Sindarroz), Joel Gonçalves Filho, a previsão de produção do estado caiu de 750 mil toneladas de sacas para 650 mil por conta de um veranico nos meses de março e abril.
– Os produtores estão segurando porque o preço está baixo, e os produtores do Rio Grande do Sul acabam ganhando parte do nosso mercado, já que a saca deles está mais barata – constata.
Gonçalves Filho enfatiza ainda que a queda na produção já é percebida no parque industrial da região, onde cerca de 50 indústrias estão com operações paralisadas.
– Na safra do ano passado eram mais de 90 as empresas produtoras; hoje, com a redução da safra, esse número caiu – revela.
Gonçalves propõe que os produtores comecem a vender aos poucos o produto, para evitar que eles tenham prejuízos em uma negociação tardia, quando começar a próxima safra e os produtores tiverem de reduzir o estoque existente para liberar espaço para a entrada da nova colheita.
Leilão
O leilão de opção de arroz realizado na última semana pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) negociou mais de 3 mil contratos dos 3,3 mil ofertados no Rio Grande do Sul, alcançando 92,8% do total. De acordo com a Federarroz, pela primeira vez no ano não houve ágio, e, como a venda não alcançou 100%, pode-se concluir que, em outubro, o valor da saca do tipo inteiro será superior a R$ 26. O total dos leilões ofertados é de 90 mil toneladas e 2,5 mil toneladas para o Estado de Santa Catarina.
Fonte: DCI – Comércio Indústria & Serviços