Produtor gaúcho imita argentino e adota o silo-bolsa

Estima-se que 4% da colheita de Uruguaiana, cidade vizinha a Passo de los Libres – equivalente a 22 mil toneladas – esteja guardada nos silos-bolsas.

Arrozeiro compra silo-bolsa, moda no país vizinho, para armazenar e vender em melhor hora. Uma “moda argentina” está fazendo a cabeça dos arrozeiros gaúchos: a armazenagem em silos-bolsas. Esta é a primeira safra em que os produtores de arroz investem neste tipo de galpão temporário – uma espécie de lona plástica, também conhecida como “salsichão”.

E foi justamente na fronteira com a Argentina que a “moda” entrou no Rio Grande do Sul. Estima-se que 4% da colheita de Uruguaiana, cidade vizinha a Passo de los Libres – equivalente a 22 mil toneladas – esteja guardada nos silos-bolsas.

Uma produtividade maior que a esperada, a escassez de armazéns convencionais e a necessidade de segurar a safra para vendê-la a preços mais remuneradores explicam esta “nova onda” que domina os pampas gaúchos.

– O produtor acredita na valorização dos preços – diz o analista Tiago Barata, da Safras & Mercado.

Atualmente, o arroz é comercializado a R$ 20,50 a saca (50 quilos) em Uruguaiana. Mas os resultados dos leilões de opções do governo, com vencimento em setembro a R$ 25 a saca, indicam que os patamares podem se elevar no segundo semestre.

Barata explica que quase metade a produção gaúcha é armazenada diretamente nos silos das indústrias e que, na hora da venda, o orizicultor só pode comercializar com quem guardou.

– Eu seguro a produção, vendo quando quiser e ainda não vou precisar entregar para a indústria – diz o produtor Ramiro Toledo, de Uruguaiana.

Nesta safra, cerca de 30% da colheita de Toledo ficará armazenada – 9 mil sacas.

Apesar de ter conhecido os silos-bolsas na Argentina, o produtor adquiriu o equipamento de uma empresa gaúcha. Segundo o orizicultor, o custo pela armazenagem fica em torno de R$ 0,70 a saca – uma economia de 10% em relação a safras anteriores, quando ele precisava colocar sua produção em silos alugados, pagando também o frete.

Além da vontade de segurar a produção para comercializá-la em um momento melhor, Toledo diz que a alta produtividade também determinou a necessidade de armazenagem – são 8,8 toneladas por hectare ante a uma média ma região de 7,5 toneladas por hectare.

Para o técnico da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS), em Uruguaiana, Gustavo Hernandes, a compra do silo-bolsa é uma alternativa que o produtor encontrou para não se obrigar a vender a safra na hora da colheita e ainda poder armazená-la dentro da propriedade.

– Na Argentina o sistema é muito usado. Este é o primeiro ano que o gaúcho experimenta – diz Luiz Antônio Queiroz, presidente da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana.

Em sua avaliação, o principal motivo por esta procura é a falta de armazéns na região – os estatais estariam sendo utilizados com safra anteriores.

– Além disso, é mais barato e de simples instalação – acrescenta.

A maior concentração de uso dos salsichões é na cooperativa local – com armazenagem de 250 mil sacas.

Além da Fronteira Oeste – região onde Uruguaiana está localizada – os silos-bolsas também pode ser encontrados na Campanha. As duas regiões são justamente aquelas em que a produtividade média tem surpreendido as estimativas iniciais em cerca de 5%. Os resultados da região podem mudar a previsão de colheita do estado para 6,5 milhões de toneladas, segundo a Cogo Consultoria Agroeconômica.

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