Projeto 10: um marco da evolução

 Projeto 10: um marco da evolução

Projeto reuniu as melhores tecnologias e gerou lavouras de excelência

O Projeto 10, desenvolvido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) dentro do Programa Arroz RS, foi uma iniciativa pioneira que aprimorou o manejo das lavouras e proporcionou um salto de produtividade inédito desde o início dos anos 1980, além de promover maior sustentabilidade à orizicultura gaúcha. Com foco na capacitação dos produtores e na adoção de práticas agrícolas voltadas à alta produtividade, o projeto segue gerando resultados e tem sido fundamental para a evolução da orizicultura no estado.

Foi a partir do projeto iniciado em 2002 que o Rio Grande do Sul, cuja produtividade estava estagnada desde os anos 1980 na faixa de 5.200 a 5.500 quilos de arroz em casca por hectare, deu um salto e chegou a quase 9 mil quilos em uma única safra. O sistema permitiu que os produtores atingissem os 10 mil quilos por hectare — um patamar considerado inalcançável para as condições de produção gaúcha até o início dos anos 2000. Desde a Revolução Verde e o lançamento das cultivares BR Irga 409 e BR Irga 410, não se observava uma evolução tão expressiva nos resultados das safras.

Três foram os segredos do sucesso do Projeto 10: em primeiro lugar, uniu o melhor das tecnologias desenvolvidas pelo Irga à extensão rural, em um dos mais eficientes programas de transferência de tecnologias para a lavoura já vistos no país; em segundo lugar, tornou-se um programa de governo, não de gestão, logo, ganhou respaldo político e financeiro. Em terceiro lugar, e para coroar o sucesso, ele esteve desde sempre ligado ao projeto Clearfield®, desenvolvido pelo Irga em parceria com a multinacional Basf.

Consistia no uso de uma cultivar mutagênica, a Irga 422CL, resistente ao herbicida Only®, do grupo das imidazolinonas. “Ao associar uma cultivar produtiva, resistente às invasoras — em especial ao arroz-vermelho — e com um manejo mais eficiente, que reduzia as brechas de produtividade, os resultados foram históricos”, reconheceu Pery Sperotto Coelho, presidente do Irga na época, então com 42 anos. Atualmente, aos 65, ele ainda se entusiasma ao falar do Programa Arroz RS. “Foi um programa de governo. O último — e talvez o único — grande programa de governo que realmente valorizou o arroz, pensou o seu futuro, promoveu seu avanço e gerou medidas estruturantes capazes de aumentar produção, produtividade, qualidade e inserção em mercados, além de incentivar o consumo”.

O engenheiro agrônomo — e atualmente consultor — Valmir Gaedke Menezes explicou que talvez o grande segredo do Projeto 10 tenha sido propor ao agricultor “fazer o certo na hora certa”. A expressão resumiu o espírito da transferência de tecnologia. “Foi necessário mensurar que, a cada dia perdido, em que se atrasa uma das práticas, há perdas no potencial produtivo. Isso foi muito bem compreendido pela lavoura depois de centenas de dias de campo, oficinas e atividades intensas”, observou.

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