Próximos três meses devem ter chuva dentro da média

A porção oeste do oceano pacífico está um pouco mais quente que o normal.

Em boletim divulgado em 9 de julho pelo CPC/NOAA e com as atualizações do laboratório ENSO do IRI/Universidade de Columbia, as projeções seguem indicando uma fase fria para o segundo semestre, mas os institutos ainda não chamam o fenômeno de La Niña. Na verdade, o que se chama no momento é "possível La Niña em observação".
 
Segundo o boletim do CPC, os modelos estão se dividindo entre La Niña e neutralidade durante o outono e o inverno. "Baseado, em grande parte, na orientação de modelos dinâmicos, o consenso de previsão favorece levemente o desenvolvimento de La Niña durante a temporada de agosto a outubro e dura até o restante de 2020. Em resumo, a neutralidade é favorecida durante o inverno no Hemisfério Sul com 50 a 55% de chance de desenvolvimento de La Niña durante a primavera e verão de 2020/21".
 
Na prática, os institutos indicam que há 90% de probabilidade de fase fria no Oceano Pacífico Equatorial, porém com uma probabilidade mais baixa (50%) de atingir padrões de intensidade e duração para configurar o Fenômeno La Niña. Porém, como já descrito em boletins anteriores, esse efeito não ocorre só quando configura o fenômeno.
 
Na realidade, já estamos sentindo os efeitos na atmosfera dessa fase fria do Pacífico Equatorial há alguns meses, como corrente de jato subtropical mais zonal e ao sul, forçando as frentes frias e massas de ar polar se desviarem rapidamente para o Oceano. Por isso, que o frio intenso que consegue chegar até o Sul não tem atingido o Sudeste do Brasil.
 
Neste momento, o CPC/NOAA registra índices de anomalia sobre o Niño-4 e Niño-3.4 próximos de zero durante a última semana, enquanto os índices Niño-3 e Niño-1 + 2 ficaram negativos. A questão está na temperatura do Pacífico profundo. Apesar de uma grande área com águas mais frias que o normal no Centro e Leste do oceano, a porção oeste está um pouco mais quente que o normal.
 
Então, há dúvidas de que o resfriamento superficial seja duradouro suficiente para o surgimento de um La Niña. De qualquer forma, previsões mais estendidas indicam um trimestre outubro-novembro-dezembro mais chuvoso que o normal no Centro e Norte do Brasil. São Paulo, Mato Grosso do Sul e toda a Região Sul devem receber precipitação inferior ao normal, algo coerente com a presença de um Pacífico frio.
 
Isto quer dizer que mesmo que não tenhamos um La Niña formado, a atmosfera continuará respondendo ao resfriamento do oceano. É claro que o padrão de chuva abaixo da média não será persistente. Observaremos, na realidade, meses secos alternados com meses mais chuvosos no Sul. O segundo semestre resfriado também induz ao favorecimento do jato polar sobre o Cone Sul, o que poderia indicar frio tardio na virada do inverno para a primavera.
 
Temperatura – Previsão Geral
 
O próximo trimestre promete ser quente sobre todo o Rio Grande do Sul, especialmente em períodos onde a chuva fica mais irregular, como na primeira quinzena de agosto e ao longo do mês de setembro, com desvios que podem ficar 2°C acima da média para o período. Ondas de frio mais intensas são esperadas para o final de agosto e também no segundo decêndio de setembro, mas as condições para geadas amplas devem ser monitoradas mais próximo ao evento. Outubro tende a ser o mês mais quente dentre os três, e por enquanto, não há expectativa para que fortes ondas de frio alcancem a região.
 
Precipitação – Previsão Geral
 
De uma forma geral, o próximo trimestre (agosto-setembro-outubro) tende a ser com chuva dentro da média climatológica no Rio Grande do Sul. De forma mais específica, a primeira quinzena de agosto tende a ser mais seca sobre o estado, com a chuva retornando a partir do dia 12, mas ainda de forma pouco volumosa. O episódio de chuva mais expressivo é esperado para meados do dia 20, quando os acumulados tendem a ultrapassar os 20mm de chuva. Em áreas da Campanha, Centro e Oeste gaúcho, o mês deve fechar com chuvas levemente acima da média. Já nas demais áreas, as novas simulações indicam chuva abaixo da média histórica para a região. Em setembro, os modelos meteorológicos divergem em relação à anomalia de chuva, mas episódios na metade e no final do mês serão suficientes para que os acumulados alcancem à climatologia esperada. Para outubro, a expectativa é para acumulados elevados já na primeira semana do mês, com chuva que passa a ficar bem distribuída, e fechando o mês com volumes dentro, tendendo para acima da média.

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