Puxaram o freio

 Puxaram o freio

Saída: menos fôlego para exportar

Exportações brasileiras caem com real valorizado e preços mundiais baixos.

Depois do excepcional desempenho das exportações no último biênio, na atual temporada o fraco desempenho das exportações é um fator negativo para o setor arrozeiro nacional. O comportamento das cotações nos principais fornecedores mundiais mostra a dificuldade encontrada pelo setor exportador. No início de agosto, considerando o preço do mercado brasileiro, no Porto de Rio Grande (RS) o arroz gaúcho seria cotado por volta de US$ 570.00 por tonelada FOB navio (base nominal). Bem próximo desta origem, a indicação para o uruguaio é de US$ 490.00 por tonelada. “Isto mostra a inviabilidade das exportações brasileiras que, na atual temporada, se concentram no arroz quebrado, abundante no mercado pela nova classificação”, cita Élcio Bento, da Safras & Mercado.

Os números divulgados pelo Mdic mostram que no acumulado do primeiro quadrimestre do ano comercial 2010/11 o Brasil importou 290 mil toneladas (base casca), com aumento de 5% em relação as 275 mil toneladas compradas em igual momento da temporada passada. Élcio Bento destaca a concentração de compras de arroz beneficiado, que no atual ciclo comercial correspondem a 77% do total importado, acumulando 223,5 mil toneladas (base casca). Na temporada anterior eram apenas 56% do total (153 mil toneladas).

Segundo Élcio Bento, é este aumento expressivo das aquisições de beneficiado que garante o acréscimo na quantidade comprada em relação ao ano passado, já que em casca o volume comprado é 31% inferior. Merece destaque a elevação do preço médio das compras externas. O arroz em casca, no primeiro quadrimestre do ciclo 2009/10, foi vendido a uma média de US$ 220.00 por tonelada e na atual de US$ 309.00 por tonelada (+44%). No beneficiado a alta foi de 22%, vindo de US$ 437 por tonelada para US$ 533 por tonelada. Contudo, no ciclo anterior a taxa cambial no período apresentou média de R$ 2,14 e no atual de R$ 1,79. Então, em reais o preço médio das aquisições subiu 2%, de R$ 935 por tonelada para R$ 954 por tonelada.

A média mensal das aquisições no primeiro quadrimestre do ano comercial foi de 72 mil toneladas. Mantido este desempenho, ao final da temporada o Brasil haveria importado apenas 870 mil toneladas. As projeções mostram que o país exportará 300 mil toneladas. Assim, a tendência é de que, durante a temporada, o Brasil seja mais agressivo nas compras externas para fechar o seu quadro de oferta e demanda.


EXPORTAÇÕES

As vendas, apesar de tímidas, vêm numa ascendente: em março foram exportadas 9,9 mil toneladas, em abril 35,5 mil toneladas, em maio 46,5 mil e em junho o volume subiu para 82,5 mil toneladas. Apesar da melhora, o acumulado no primeiro quadrimestre do ano comercial 2010/11 é de 174,5 mil toneladas, com queda de 75% em relação ao mesmo período da temporada passada. Além do recuo do escoamento, observa-se uma queda significativa da média de preços das vendas.

Nos primeiros quatro meses do ciclo anterior o arroz foi exportado a uma média de US$ 449.00 por tonelada, gerando uma receita de 25,5 milhões de dólares. No ano comercial atual o preço médio recuou para US$ 348.00 por tonelada (-22,5%) e a receita para 8,35 milhões de dólares (67%). Quando se converte estes valores para a moeda brasileira a queda é mais acentuada. No primeiro quadrimestre do ano comercial anterior a taxa cambial estava em R$ 2,23 por dólar, ou seja, a receita foi de R$ 56,9 milhões. Neste ano, com a taxa de R$ 1,79/US$, a receita foi de R$ 14,9 milhões (-74%). Isso ocorre basicamente porque no ano passado o maior volume de exportações era de beneficiado (63% do total). Na atual, de quebrado (70%). Mesmo muito dependentes do câmbio e do mercado internacional, o analista Élcio Bento acredita que os volumes de exportação devem superar as 300 mil toneladas, mas que as importações também deverão ser bem superiores às do ano passado

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