Quais serão os novos cenários para o arroz

Autoria: Marco Aurélio Tavares é consultor, assessor especial do Irga, diretor do site Arrozpec.com e diretor da Federarroz .

Colheita e o Novo Quadro de Suprimentos

Os números oficiais finais divulgados pela Conab, no mês de julho, indicaram uma safra de 12,7 milhões de toneladas, indiscutivelmente uma safra cheia, mas acima das expectativas do mercado. A redução da safra em relação à estimativa anterior e as revisões ocorridas nos estoques iniciais, que foram reduzidos de 1,03 milhão de toneladas para 358 mil toneladas, resultante dos ajustes realizados pelo grupo técnico da Conab e da cadeia produtiva do Rio Grande do Sul, determinaram profundas alterações no quadro de suprimentos (ver quadro abaixo), que previa antes do levantamento atual, um estoque final para 2004/2005 superior a dois milhões de toneladas.

 

 

O atual quadro de suprimentos aponta para um estoque de passagem de 1,1 milhão de toneladas, correspondente ao consumo de apenas um mês e de quase um milhão de toneladas abaixo dos números dos excedentes projetados pelo mercado, anteriormente. A nova composição do quadro de oferta e demanda, variável fundamental para projeção de preços, com os números mais realistas, deverá manter o mercado sem riscos de desabastecimento e sem necessidade de importações de terceiros mercados.

 

Exportações e o mercado internacional 

A implementação das exportações, alavancando novos mercados de consumo para o direcionamento dos excedentes, com potenciais compradores em quase todos os continentes e criando um preço de paridade/referência entre o mercado interno e o externo, é fator decisivo para a administração de estoques e de preços, da atual e das futuras safras. Com o mercado internacional praticando preços firmes, no maior nível dos últimos anos em razão de um quadro de oferta com déficit entre produção e consumo superior a 12 milhões de toneladas (ver quadro ao lado) e com os estoques finais atingindo apenas 70,85 milhões de toneladas, o menor dos últimos 20 anos, justifica o objetivo do setor de atender novas demandas e dar um piso de referência para o mercado interno.

 

Mercosul e os excedentes de produção 

Os excedentes do Mercosul, entretanto, representam um risco para o mercado interno no segundo semestre e para o futuro. 

Os preços atrativos das últimas duas safras determinaram um incremento na área plantada no Mercosul. O Brasil aumentou em 12% a área plantada, alcançando praticamente a sua auto-suficiência, enquanto o Uruguai e a Argentina aumentaram 28% e 27%, respectivamente, mas consomem apenas 8% e 45% da sua produção.
A nova configuração do quadro de suprimentos do Mercosul (ver quadro na próxima página) gera preocupações e necessidade de novas estratégias.

 

O futuro depende das decisões do presente 

Esses novos números ensejam cautela sobre a comercialização da atual safra e sobre a definição da área a ser plantada para a próxima. 

Os preços atualmente praticados no Brasil, o aumento dos custos de produção, que, segundo a Conab, na safra 2003/2004 alcançaram R$ 29,00 no Rio Grande do Sul (produtividade média de 6000 quilos/hectare) e de R$ 27,40 no Mato Grosso (produtividade média de 4.000 quilos/hectare), o déficit nos mananciais hídricos no Rio Grande do Sul (até o momento) e o desestímulo à produção no Mato Grosso, cujos preços atuais de mercado não cobrem os custos de produção, deverão no máximo manter a atual área plantada no Brasil. 

A necessidade de novas e decisivas tratativas em nível de bloco econômico, evitando a concorrência predatória, que é o maior fator baixista no mercado interno, a adoção de medidas e ações que mantenham a rentabilidade e a viabilidade individual dos integrantes, buscando fortalecer o bloco e planejar as próximas safras e os excedentes, focado num Mercosul agroexportador para terceiros mercados, são decisivas para o mercado. 

A situação atual obriga uma reavaliação e novas atitudes de todo da cadeia produtiva da orizicultura do Mercosul, da produção ao consumidor final, para que o setor continue apresentando bons níveis de rentabilidade, como ocorreu nos últimos anos. 

 

 

 

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