Qualidade do arroz movimenta o mercado do Sul

Pouco arroz de qualidade no mercado está forçando a indústria a pagar ágio e sustentar uma reação nos preços do produto em casca.

Diversos fatores estão interferindo positivamente nos preços do arroz em casca nesta semana, segundo revela o consultor de mercados Marco Aurélio Marques Tavares. No final de dezembro Tavares era uma voz solitária entre os consultores, afirmando que no início do ano haveria uma recuperação no mercado do casca. Segundo ele, embora a safra passada tenha alcançado um volume recorde de produção, foi expressivo o percentual de arroz colhido com baixa qualidade no Brasil. Tanto que a indústria gaúcha estima em 70 mil toneladas a exportação de grãos quebrados neste ano/safra.

– Mesmo as importações do Uruguai e da Argentina apresentaram um grande volume de arroz das variedades El Paso e Tacuary, com grande volume de gessados e defeitos, mostrando que eles tiveram o mesmo problema que nós por interferência do clima, frisou Tavares.

Parte do arroz de melhor qualidade que existe ainda está na mão dos produtores mais capitalizados, que o estão segurando para obter preços remuneradores. Afora as grandes indústrias, muitas empresas, entre elas as cooperativas, não estão atuando com estoques e precisaram entrar no mercado comprando produto. A falta de arroz Primavera no Centro-Oeste também está forçando a busca de produto no Sul, gerando uma competição interessante para o mercado.

Sendo assim, o arroz de melhor qualidade começa a se tornar uma raridade no Brasil, obrigando as indústrias a pagarem um ágio. A reboque, vem a recuperação dos preços do produto de uma maneira geral. Para Tavares, é importante que os arrozeiros percebam este diferencial e passem a investir na produção das variedades de melhor qualidade e rendimento de engenho, que têm a preferência da indústria e uma valorização.

– O orizicultor precisa repensar a sua lavoura e plantar o que o mercado quer comprar, destaca.

A redução de preços ao produtor e no varejo durante o ano também reflete nesta valorização do cereal de maior qualidade. Estatísticas mostram que de dezembro de 2003 a dezembro de 2004 os preços ao produtor caíram 45% e no varejo apenas 17%.

Mesmo com este abismo entre as duas pontas, Tavares destaca que a redução de preços ao consumidor não reflete necessariamente o aumento de consumo, mas o aumento da exigência por qualidade. “Ele não vai comer mais arroz, vai é procurar as melhores marcas. E estas, sim, têm preço diferenciado porque há diferença na qualidade da matéria-prima”, destaca.

Marco Aurélio Marques Tavares acredita que a recuperação parcial dos preços do arroz deve continuar por pelo menos mais uma ou duas semanas, com possibilidade de alcançar o final de fevereiro, quando começa a safra. Todavia, ele alerta os produtores para que tenham muita cautela e busquem as melhores informações na hora de decidir a comercialização de seu produto.

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