Queda histórica
Redução da produção não afeta a qualidade do arroz colhido no MT
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Acompanhando a tendência de queda nas últimas safras, a produção mato-grossense de arroz no ciclo 2011/2012 encolheu de 795,9 mil toneladas colhidas na safra passada para 518,1 mil toneladas (redução de 34,9%), segundo o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado em abril. A área plantada também diminuiu, de 256 mil hectares na safra 2010/11 para 161 mil nesta safra, apresentando uma queda de 37,1%.
Embora a queda não seja tão acentuada quanto a prevista inicialmente pela Conab, os números de abril indicam que esta é a menor área plantada e o menor volume colhido desde que se iniciaram os levantamentos no estado. “Este deverá ser o pior ano para o arroz do MT”, resume o engenheiro agrônomo da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Mairson Santana.
Na análise do presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz-MT), Ivo Fernando Mendonça, a safra passada foi marcada por grandes volumes vindos de estados como o Rio Grande do Sul e a consequente desvalorização do arroz mato-grossense. Apesar desta queda de produção, Mendonça explica que a diminuição na quantidade de arroz produzido não afetou a qualidade do grão.
Segundo ele, os municípios do Vale do Araguaia e da região sul do estado estão produzindo arroz de alta qualidade, porém acabam comercializando a maior parte do produto para estados vizinhos, como Goiás. “Há pesquisas informando que as pessoas compram arroz pela marca. Como a maioria dos produtos vendidos aqui sempre veio da Região Sul do país, as marcas do arroz produzido no Mato Grosso acabam não sendo prestigiadas”, revela.
De acordo com o representante do Sindicato Rural de Rondonópolis, Mauro Cabral, a principal preocupação do segmento durante o ano passado foi o preço da saca, que atingiu cerca de R$ 26,00. Em função dessa desvalorização, muitos produtores optaram por não produzir o cereal nesta safra.
Em razão da queda na produção, os produtores de arroz do Mato Grosso não estão muito otimistas com a medida do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que vai destinar R$ 737 milhões para subsidiar a comercialização do grão em leilões, garantindo a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) para a safra 2011/2012 no Sul do país. Consideram que, para o Centro-oeste, o reflexo será mínimo.
ENCONTRO
No início de abril, produtores e lideranças de vários segmentos da cadeia produtiva do arroz de Mato Grosso estiveram reunidos na Federação das Indústrias no Estado do Mato Grosso (Fiemt) para discutir os principais problemas da rizicultura no estado.
Durante os debates, os participantes citaram que não existem políticas no estado específicas para o arroz e reforçaram que a produção do cereal no MT ainda é associada ao desmatamento e grãos de baixa qualidade.
“Mudar essa concepção é importante não só para a rizicultura, mas para toda a agricultura mato-grossense. Para atingir esse objetivo, o desafio maior é fazer uma proposição inicial para definir e estabelecer pauta e agenda com objetivos estratégicos para a rizicultura do MT”, avalia o economista e pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO), Carlos Magri Ferreira.