Quente, quanto?

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Experimento em telado avalia influência das altas temperaturas na produtividade

Irga avalia o impacto das altas temperaturas na produtividade do arroz
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 A alteração climática ao longo das últimas décadas tem sido bastante rápida em muitas regiões agrícolas em todo o mundo e aumentos dos níveis de dióxido de carbono (CO2) e de ozônio (O3) atmosférico também têm sido onipresentes. Neste contexto, a produção do arroz pode mudar como resultado do aquecimento global devido à alternância de temperaturas durante o período de cultivo, destaca a pesquisadora do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a engenheira agrônoma Liane Terezinha Dorneles, doutora em fisiologia e biologia molecular vegetal.

Segundo ela, a ocorrência de dias com temperaturas baixas ou extremamente altas são comuns na fase vegetativa e/ou reprodutiva e podem levar à diminuição do crescimento, aumento nos índices de infertilidade das panículas e/ou alteração na qualidade do grão. “Preocupado com este cenário, o Irga desenvolve uma pesquisa que tem por objetivo avaliar 273 genótipos de arroz com ampla diversidade genética à reação ao estresse por temperaturas altas no estádio reprodutivo com a finalidade de identificar fontes para o desenvolvimento de novas cultivares tolerantes ao aquecimento global”, frisa.

Liane destaca que as temperaturas médias mundiais aumentaram cerca de 0,13° C por década desde 1950, e um incremento ainda maior, de 0,2° C por década de aquecimento global, é esperado com uma tendência de aumento substancial para as áreas cultivadas. “A convicção de que o clima e o CO2 continuarão a influenciar as alterações climáticas levantam importantes questões relacionadas à segurança alimentar, uma das quais é: O quanto a produtividade agregada da agricultura global será afetada?”.

O arroz é a cultura alimentar global mais importante e que alimenta mais da metade da população do mundo. Para atender à demanda crescente por alimentos decorrente do crescimento populacional e do desenvolvimento econômico a produção de arroz deverá aumentar aproximadamente 1% ao ano até 2050, ressalta. “A obtenção de maiores rendimentos depende do aumento da biomassa total da planta, que é determinada principalmente pela diferença entre a assimilação fotossintética do CO2 e a respiração das culturas, sendo que ambos são sensíveis à temperatura”, diz. A fotossíntese é um processo integrado e altamente regulado, sensível a qualquer alteração ambiental, pois necessita balancear a energia luminosa absorvida com a energia consumida no metabolismo da planta.

As temperaturas extremas acentuam o desequilíbrio entre a energia da fonte (produtos da fotossíntese) e os drenos metabólicos (respiração), requerendo, assim, ajustes para manter o balanço no fluxo energético. Durante a fase reprodutiva do arroz dois componentes importantes do rendimento são definidos: número de grãos por panícula e peso de grãos. “O número de grãos por panícula pode ser modificado pela esterilidade de espiguetas em função das temperaturas extremas, tanto muito baixas quanto muito elevadas”. Já o peso de grãos é dependente da quantidade de fotoassimilados que é translocada para o enchimento dos grãos, estando, assim, relacionado com a taxa fotossintética (absorção de CO2) e com a duração das altas temperaturas.

Nesta safra 2015/16 um experimento em telado avalia influência das altas temperaturas na produtividade do arroz na Estação Experimental do Irga, em Cachoeirinha (RS). No momento da antese as plantas são submetidas a temperaturas de 40° C ao dia e 35° C à noite em câmara de crescimento com luz artificial por um período de sete dias e após retornam à condição ambiente no telado.

Panícula mostrando antese plena sob tratamento térmico em câmara de crescimento

Dano em panícula em condição ambiente após receber o tratamento térmico em câmara de crescimento

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