Racha provoca disputa inédita na Fenarroz

Atual presidente Luiz Silva ignora prefeito Neiron e convoca reunião da comissão de honra.

A decisão do prefeito Neiron Viegas, de Cachoeira do Sul (RS) de deflagrar o debate sobre os rumos do principal evento do município e de se contrapor à ideia de reeleição do atual presidente está provocando um racha que pode culminar com uma disputa inédita pelo controle da Feira Nacional do Arroz (Fenarroz). Se isso ocorrer, será a primeira vez, nos 62 anos de realização da feira, que executiva e comissão de honra não chegarão a um consenso.

A relação entre o prefeito e o presidente da Fenarroz começou a se deteriorar na última segunda-feira, quando Luís Silva foi à Prefeitura levar a convocação para a reunião do próximo dia 31, ocasião em que a comissão de honra se reunirá para eleger o dirigente da feira para os próximos dois anos. Neiron, que é presidente da comissão, se recusou a assinar a convocação e ainda fez um risco em cima do item “eleição”, deixando claro sua contrariedade da permanência de Silva à frente da feira.

O clima pesou de vez na terça-feira, quando o prefeito chamou a seu gabinete alguns integrantes da comissão de honra e excluiu Silva do encontro. O presidente da executiva sequer foi avisado sobre a reunião, na qual Neiron declarou que é necessário “reinventar com urgência a Fenarroz”. A proposta ganhou o consenso das lideranças presentes ao encontro e que também concordam que é preciso repensar o maior evento municipal.

Mesmo contra a vontade de Neiron e respaldado pela força do estatuto da Fenarroz, o presidente Luís Silva usou de suas atribuições e manteve a convocação da reunião para o próximo dia 31, quando fará a prestação de contas da 17ª edição da feira, promovida em 2012. A contabilidade foi aprovada pelo conselho fiscal, garantiu Silva.

BOMBEIRO – Nesta sexta-feira, ele evitou colocar mais combustível na polêmica e disse desconhecer qualquer rusga entre a executiva e o prefeito. Silva se recusou mais uma vez a revelar se vai ou não concorrer à reeleição no dia 31 e assegurou que não sabe da posição contrária de Neiron a sua candidatura. “Eu não sei nada disso, tanto quanto não sabia da reunião de terça-feira”, comentou o dirigente da feira.

Luís Silva confirmou, no entanto, que o prefeito se recusou a assinar a convocação para o encontro da comissão de honra. No começo da noite de sexta-feira, o novo secretário de Governo, Cristiano Schumacher, também não fez comentários sobre a polêmica, alegando “estar por fora” do assunto. Mesmo assim, disse que o prefeito participará da reunião do 31 de maio, embora não tenha assinado a convocação feita por Luís Silva.

UMA PERGUNTA PARA

O presidente da Fenarroz, Luís Silva

Qual o poder da comissão de honra dentro da feira?

“A comissão de honra é a instância de decisão máxima da Fenarroz. Ela é soberana para tomar qualquer atitude, incluindo a eleição do presidente da feira. É atribuição da comissão definir os critérios, datas e nomes para a eleição. Na verdade, ela é o fórum representativo da comunidade dentro da Fenarroz”.

Luís Silva promete
falar depois do dia 31

O presidente da Fenarroz, Luís Silva, não quis entrar também no debate sobre o futuro da feira. Ele disse que primeiro é preciso reunir a executiva e que depois do dia 31 falará sobre todos os assuntos referentes à Fenarroz, incluindo a dívida da feira, estimada em mais de R$ 600 mil. O dirigente prometeu que vai demonstrar que o evento não é tão deficitário quanto estão pintando.
Parte da dívida da feira é, na verdade, da Prefeitura, num valor estimado de R$ 170 mil. Outros R$ 70 mil são recursos que o ex-prefeito Sergio Ghignatti prometeu à Fenarroz, mas nunca os repassou. No entanto, a executiva realizou obras no parque contando com o dinheiro público. Nesse bolo da dívida histórica estão também cerca de R$ 100 mil aplicados no evento pelo ex-presidente da feira Erico Razzera, que até agora não viu a cor do dinheiro.

PARA SABER MAIS

Entidades que integram
a comissão de honra
da Fenarroz

 Prefeito municipal
 Presidente da Câmara de Vereadores
 Diretor do Fórum
 Coordenador das Promotorias do Ministério Público
 Delegado regional de Polícia
 Presidente do Sindicato Rural
 Presidente da União Central dos Rizicultores
 Presidente da Cacisc
 Presidentes dos clubes de Rotary (quatro representantes)
 Presidentes dos Lions Clubes (dois representantes)
 Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas
 Presidente da Associação dos Contabilistas
 Presidente do Sindilojas
 Presidente da Associação das Cooperativas de Cachoeira do Sul
 Ex-presidentes das diretorias executivas da Fenarroz

2 Comentários

  • Não existe no Brasil uma grande feira de maquinas e insumos para arroz como já foi a FENARROZ. Hoje as feiras estão todas profissionalizadas, as que não estão tendem a virar festas/feiras locais. Por que não procurar empresas especializadas em feiras do agronegócio e entregar a organização para elas. Já imaginaram uma grande AGRISHOW ARROZ em Cachoeira? Já existe a de Ribeirão Preto e a do cerrado. Por que não uma do arroz? Vamos procurar as empresas organizadoras e ver se interessa.

  • É triste ver a maior feira orizícola do pais chegar a este ponto, concordo plenamente com o prefeito quando ele diz que esta feira tem de ser reinventada com urgência, mas no meu ponto de vista enquanto não definirem qual é o foco principal esta feira estas discussões sempre irão existir.
    O objetivo principal da FENARROZ é profissional ou uma feira voltada para entretenimento da população?
    Se o objetivo da feira é profissional, não basta reinventar a feira, a cidade também tem que ser reestrutura para receber os visitantes e as pessoas que trabalham Fenarroz.
    Lamentavelmente no período da FENARROZ a cidade não tem hotéis e nem restaurantes suficiente para atender a demanda, sem contar que o local onde a feira é realizada tem que passar por uma boa reforma.
    Resumindo, é hora das lideranças da cidade se unirem e buscar um consenso.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter