Razões para confiar

 Razões para confiar

Mundstock: longe da nossa realidade

Brasil observa práticas limpas, tecnologias adequadas ao cultivo
e processamento
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 Quem consome o arroz produzido no Brasil tem razões para confiar na qualidade do cereal. O Ministério da Saúde considera o consumo de arroz uma das principais diretrizes para a alimentação saudável no país, ao passo em que o “Guia alimentar para a população brasileira”, uma referência internacional, recomenda comer arroz com feijão ao menos cinco vezes por semana. Plantadores e indústrias têm argumentos de sobra para garantir a integridade do grão até a remessa aos supermercados domésticos e mais de 60 países sem risco de contaminação por arsênio.

Presente no solo, na água e no ar, o elemento químico pode se apresentar na forma orgânica ou inorgânica e ser absorvido pelas plantas e conduzido até o grão pela água. A preocupação parece exagerada, mas se justifica por tratar-se o arroz a base alimentar brasileira e ter consumo anual de 12 milhões de toneladas.

No Brasil, o sinal de alerta lançado pelos ingleses ajudou a consolidar as informações de que o grão nacional é seguro para comer e não oferece riscos à saúde. Um dos principais argumentos dos rizicultores é a ausência de grandes concentrações da substância nos solos. “No caso do arroz de Bangladesh, fonte da repercussão no Reino Unido, há indicativos de que os cultivos têm origem ou em solos derivados de rochas com esta substância ou com água com altos teores, o que não é nossa realidade”, explica o pesquisador Cláudio Mundstock, da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

“Cada vez que o assunto surge, mais estudos são feitos e os resultados consolidam a segurança e a qualidade do cereal”, destaca Tiago Sarmento Barata, diretor do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Para ele, a lavoura irrigada é exemplar em métodos de conservação e uso de tecnologias limpas, com direito a um selo ambiental. “Nossa indústria está entre as mais modernas do mundo, com estruturas seguras e de alta tecnologia capazes de dar continuidade à qualidade que sai das lavouras”, frisa.

André Barretto, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), enfatiza que estudos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) indicam que os teores da substância no grão brasileiro são compatíveis com os colhidos nos Estados Unidos e na Europa.

CONTROLES
O governo federal mantém sistemas de controle da qualidade, como o Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que aprovou quase 800 amostras testadas sem indicar riscos de intoxicação. Arsênio nem mereceu citação. Os parâmetros brasileiros são os mesmos recomendados pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

QUESTÃO BÁSICA
Henrique Osório Dornelles, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), lembra que além do controle externo, é crescente o uso de mecanismos como a certificação e a rastreabilidade do produto, como o que está sendo proposto pelo próprio governo federal no caso da produção integrada do arroz (PIA). “O arrozeiro tem completo controle da lavoura e usa as melhores técnicas para obter um grão isento de resíduos”, sustenta. De acordo com Dornelles, basta comparar a qualidade dos solos e dos rios gaúchos e dos países produtores do oriente, que enfrentam graves problemas de contaminação por metais pesados e dejetos urbanos, para estabelecer uma diferença abissal.

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