Receita de tecnologia
Capital do Arroz retoma qualidade e produtividade.
Além de se constituir no berço da produção de arroz irrigado no Brasil e da lavoura de alta tecnologia, Cachoeira do Sul, a Capital Nacional do Arroz, se mantém atualizada e investindo na busca da alta produtividade, baixo custo de produção e qualidade de grão. Atingir estes objetivos não é nada fácil, pois se tratam de áreas muito antigas, cultivadas há mais de um século. A pressão de pragas, inços e doenças é muito maior e as características do solo já não são as mesmas, exigindo maior dosagem de fertilização.
Este perfil fez com que a região pagasse um preço muito alto. A infestação de arroz vermelho fez com que o município e toda a Depressão Central plantassem fora do melhor período toda a década de 80 e parte da década de 90. Era preciso esperar brotar o arroz vermelho, dessecar e só então entrar com a plantadeira. A qualidade final deixava a desejar. “O diferencial veio a partir do uso mais intensivo de tecnologias como rotação de culturas e, principalmente, o sistema Clearfield, que provocou uma limpeza geral nas áreas infestadas e permitiu que o produtor voltasse a trabalhar nos melhores cortes de lavoura”, explica o agrônomo Jerson Luiz dos Santos, um dos mais experientes da região.
Segundo Santos, tratando-se do uso das melhores tecnologias, Cachoeira do Sul nada perde para outros municípios gaúchos. “Seguramente estamos entre os municípios que mais usam tecnologia de ponta e investem em estrutura de lavoura atualmente, o que pode ser provado pelo salto de produtividade registrado nos últimos anos”, destaca.
Depois de colher historicamente de 5,3 a 5,7 mil quilos por hectare, Cachoeira do Sul vem superando a marca dos 6,3 mil quilos/hectare nas últimas safras. Contou para isso a adoção do sistema Clearfield para eliminação do arroz vermelho, redução da densidade de semeadura, aplicação de nitrogênio no seco, imediatamente antes da irrigação, melhor manejo de irrigação e controle de ervas daninhas, uso de variedades adaptadas e antecipação do plantio para a época indicada pelo zoneamento agroclimáti-co. “A Capital do Arroz, apesar da crise que o setor vive atualmente, está aplicando a melhor tecnologia disponível e convencida de que o diferencial é a qualidade e a produtividade com baixo custo e baixo impacto ambiental”, frisou o gerente regional do Irga na Depressão Central, José Patrício Freitas.
Potencialidades de sobra
O município de Cachoeira do Sul, a Capital Nacional do Arroz, está localizado em uma região privilegiada, em um ponto eqüidistante entre São Paulo, Buenos Aires e Montevidéu, no coração do Mercosul. Não lhe faltam potencialidades para fortalecer o agricluster do arroz e outras atividades agroindustriais.
Na logística do município destacam-se o fato de ser um dos maiores pólos de armazenagem do estado, um importante pólo de beneficiamento de arroz, dispor de um porto fluvial e ser atendido por algumas das principais rodovias do país, como a BR 153 e a BR 290. Cachoeira do Sul fica a menos de 200 quilômetros de Porto Alegre, é o sétimo maior produtor de arroz do Rio Grande do Sul – entre os 10 maiores do Brasil – e tem um histórico recente de recuperação de áreas infestadas e aumento considerável da produtividade. O município tem cerca de 90 mil habitantes e mantém hábitos de uma pacata cidade interiorana.
Atualmente, Cachoeira do Sul concentra seus investimentos no fortalecimento do setor agroindustrial e na geração de empregos, com a criação de projetos e programas específicos.