Recorde assegurado

Brasil exportou 2,11 milhões de t em 2022. E quer muito mais

 

O Brasil superou a sua melhor marca em exportações em 2022, ao embarcar 2,11 milhões de toneladas de arroz (base casca) e auferir receita de US$ 657,4 milhões. Em reais, considerando o câmbio a R$ 5,20, a soma bate em R$ 3,42 bilhões e guindará o país a uma posição entre os oito maiores fornecedores mundiais.

É quase o dobro do peso alcançado em 2021, quando embarcou 1,14 milhão de toneladas e faturou US$ 359 milhões, diz a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), com base em estatísticas governamentais. As remessas subiram 83% em valor (US$/Fob) e 85% em volume (base casca), mas as importações também se elevaram 11% em moeda e 21% em peso.

Em 2022, o Brasil exportou 2.111.297 toneladas (base casca) por US$ 657,5 milhões e importou 1.212.291 t por US$ 350,1 milhões. O saldo da balança comercial é positivo: 899.005 t e US$ 307,4 milhões. Senegal (337 mil t), Cuba (174,5 mil t), Gâmbia (117,9 mil t), Peru (95,3 mil t) e Venezuela (78,1 mil t) foram os principais destinos. Africanos compraram quebrados, Peru, beneficiado superior, enquanto Cuba e Venezuela preferiram branco, tipo 2. Rio Grande do Sul (96%), Roraima (0,8%) e Santa Catarina (0,9%), em volume, foram os maiores vendedores.

Razões para evoluir na balança comercial

Quais foram os fatores que concorreram para que o Brasil alcançasse expressivos números no comércio internacional?

Para o diretor de assuntos internacionais da Abiarroz, Gustavo Trevisan, o bom desempenho resulta do retorno à normalidade no comércio global, com a superação de entraves de logística e transportes, entre outros, criados pela pandemia de covid-19, da fidelização de clientes pela qualidade do arroz e ações promocionais realizadas pelo setor, por meio do projeto Brazilian Rice, parceria com a ApexBrasil.

Trevisan enfatiza, ainda, que o câmbio favorável cria vantagem importante aos exportadores nacionais em relação aos seus competidores.

“A criatividade, mais uma vez, foi nosso diferencial. Diante da disparada dos valores para uso de contêineres, a indústria encontrou um meio de exportar arroz beneficiado em porão de navio e manteve-se competitiva”, acrescentou.

Trader da Rice Brazil, Pércio Greco considera que o recorde só se concretizou, além do câmbio, pela derrubada das barreiras tarifárias de países como o México – que importou mais de 400 mil t de arroz em casca – por causa da disparada da inflação mundial e a terceira frustração de safra seguida nos Estados Unidos.

“Em iguais condições tarifárias, nosso arroz ganhou em preço porque as cotações norte-americanas estiveram bem altas por causa das colheitas menores e de uma conjuntura local. No quesito qualidade, o consumidor de qualquer lugar do mundo, mas mais especialmente da América Central e do México, prefere o arroz brasileiro”, registrou.

As importações vieram principalmente do Paraguai (61,4%), Uruguai (23,7%), Argentina (11,8%) e Itália (2,6%) e predominaram em arroz branco e o integral. Foram destinados, em especial, para as indústrias e varejo de Minas Gerais (35%), São Paulo (26%), Rio Grande do Sul (23%) e Maranhão (5%).

Questão básica
No ano passado, o projeto Brazilian Rice realizou diversas ações no Canadá, México, Turquia e no Peru para promoção do arroz beneficiado brasileiro. O Brazilian Rice participou de reuniões da Organização Mundial do Comércio (OMC) e da COP27 (Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas), no Egito, para promover a imagem do produto no exterior. Ainda capacitou empresas exportadoras e reuniu-se com adidos brasileiros em outros países em busca da abertura de novos mercados, segundo a gerente de exportação da Abiarroz, Carolina Matos.

É hora de consolidar os novos mercados

O crescimento das exportações do arroz em casca fez a diferença no resultado de 2022

Depois do recorde de exportações em 2022, a expectativa dos agentes de mercado, entidades e analistas é de uma balança comercial mais equilibrada em 2023 para o arroz brasileiro. A começar pela menor safra nacional desde 1998, ou seja, em 25 anos, e uma redução de quase 900 mil toneladas nos estoques.

A disponibilidade para vender ao mercado mundial tende a ser menor, enquanto as importações seriam maiores. Neste cenário, o ponto positivo é que os preços internos tendem a se manter elevados.

Para Gustavo Trevisan, a expectativa é de um bom desempenho, desde que mantido o câmbio favorável e a preocupação com a escalada inflacionária em nível internacional. Considera, ainda, importante ampliar as exportações de arroz beneficiado.

“Estamos vendo uma acomodação nos preços e volta à normalidade na oferta de contêineres e navios, o que traz mais competitividade às cargas. E há negociações com alguns países para retirarem tarifas do arroz branco e do parboilizado”, alertou.

Apesar de reconhecer a importância para o mercado dos embarques de arroz em casca, Trevisan considera que a exportação do beneficiado deve ser meta da cadeia produtiva no sentido de manter e ampliar a renda, empregos e preços. “Haverá novas ações importantes do Brazilian Rice”, afirmou.

Pércio Greco vê alguns fatores cruciais para que o Brasil se mantenha ativo no mercado exportador. “Precisamos do dólar acima dos R$ 5,20 ou R$ 5,30, que sejam mantidas as isenções nos países compradores, mas temos que ficar atentos à safra dos Estados Unidos e aos preços por lá, pois são balizadores dos nossos negócios, em especial no segundo semestre”, reconheceu.

A colheita norte-americana começa no fim de julho. Com relação às importações, Greco as considera naturais. “A lógica é exportar mais do que importamos e, com isso, garantir o equilíbrio dos estoques, da relação entre oferta e demanda e das cotações domésticas”.

Carolina Matos, gerente de exportações da Abiarroz e coordenadora do programa Brazilian Rice, destaca que em 2022 houve um aumento, em valores, de 20% nas exportações de arroz beneficiado e de 26% em volume.
Os percentuais foram parecidos nas compras, de 18% em US$ e 27% em tonelagem. O saldo foram US$ 7,8 milhões ou 8.134 toneladas.

Fique de olho
Em 2022, o Brasil abriu novos mercados: Honduras, El Salvador, Líbia, Quênia, Lituânia, Guadalupe, Omã, Benin e Gabão compraram o nosso arroz.

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