Redução da oferta de arroz no continente pode favorecer o Brasil
Atualmente, as exportações brasileiras ainda são incipientes: estimam-se 300 mil toneladas para este ano.
A diminuição das áreas de arroz na América Latina e Caribe para a produção de bioenergia pode beneficiar o Brasil. Na colheita atual, a região reduziu em 15% a superfície plantada com o grão e deve produzir 22 milhões de toneladas do cereal (5% da produção mundial). Metade desse volume vem dos arrozeiros brasileiros.
– O Brasil poderia atender esses mercados que necessitam de 1,5 milhão a 2 milhões de toneladas extrabloco – diz o presidente do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Maurício Fischer. Atualmente, as exportações brasileiras ainda são incipientes: estimam-se 300 mil toneladas para este ano.
Segundo ele, a forte demanda dos Estados Unidos por etanol está “forçando” os produtores a cultivar este tipo de lavoura: cana-de-açúcar, milho e soja para combustíveis, que estão mais rentáveis. No entanto, na avaliação do setor e de analistas de mercado, a diminuição da produção mundial de arroz tende a deixar o grão mais caro no mercado internacional. Apenas neste ano, em relação ao mesmo período de 2006, as cotações do cereal estão elevadas em mais de 20%.
– O Brasil tem condição de aumentar a exportação, é só ter mercado remunerador – avalia Valter Pötter, presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Para o analista Tiago Barata, da Safras & Mercado, teoricamente o Brasil teria condições de conseguir ampliar seu mercado, desde que resolvesse problemas como o escoamento da safra.
– Mas acredito que será em médio ou longo prazo, talvez em duas safras ou mais – avalia Barata.
O economista Fábio Silveira, da RC Consultores, diz que em algumas regiões, os produtores de culturas básicas podem se transferir para outras, com finalidades energéticas, em função da atratividade do negócio.
– Produzir arroz pode ficar como um nicho de mercado – avalia Silveira.
Mercado interno
Apesar das estimativas promissoras para o setor, mesmo em um ano de safra inferior ao consumo, o governo teve de intervir no mercado de arroz. Ontem, representantes do setor estiveram reunidos com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, solicitando mais leilões de opções, de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e de Aquisições do Governo Federal (AGFs).
Segundo Pötter, serão realizados mais três leilões de opção, para 100 mil toneladas cada, com vencimento em setembro, a R$ 25,50 a saca – atualmente o mercado está em R$ 21 a saca, abaixo do mínimo. O governo estuda ainda a aplicação do PEP.