Reflexos do passado
Dois anos de boas exportações e safras menores dão impulso
aos preços em 2020/21.
O ano de 2019 foi marcado por uma oferta muito regular e ajustada, exceto na entrada da safra, quando houve uma sobreoferta de grãos. A valorização ocorreu de maneira muito rápida quando os produtores começaram a diluir as vendas e perceber que realmente haveria uma valorização. “Foi um ano de estoques menores em relação aos anos anteriores e que teve uma safra também menor”, analisa o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz/RS), Tiago Sarmento Barata.
Para ele, foi fundamental para a formação de bons preços na temporada passada a demanda permanente do mercado internacional, que resultou numa balança comercial superavitária, inclusive em escala superior ao que era previsto oficialmente pela Conab. “Então, vimos durante um ano um mercado demandando produto, indústrias sempre buscando realizar compras dos produtores. O ritmo de valorização só foi travado em alguns momentos pela dificuldade das indústrias negociarem o grão beneficiado com os varejistas”, observa.
“A gente viu que a valorização aumentou a intensidade no final do ano, momento em que as indústrias conseguiram vencer parcialmente a resistência do varejo e repor tabelas com preços mais elevados diante da leitura do mercado de nova com menor oferta de matéria-prima”, enfatiza Barata. Segundo ele, a disputa do grão com o mercado internacional, que foi constante, foi uma das características da temporada que finda, pois a todo o mês se operava sabendo que havia alguns navios para carregar, inclusive com evolução em mercados importantes, que remuneram melhor, como Peru, Iraque e, ainda que em pequeno volume, o México. “São caminhos promissores”, resume.
GANHOS
Para Tiago Sarmento Barata, é importante lembrar que ficou muito caracterizado na temporada 2019/20 que a valorização do arroz em casca foi superior a 10% no preço médio. “Qual outro ativo do mercado financeiro que teve valorização superior a 10%? Fica claro, com isso, que o problema do setor e o que realmente afeta a rentabilidade é o custo de produção”, destaca. Barata considera que a valorização do grão está associada a dois fatores: safras menores e bom volume de exportações. “Em relação a três ou quatro safras a área gaúcha já é mais de 200 mil hectares menor, mais do que planta qualquer país do Mercosul”.
Outro ponto a destacar é que com essa redução o perfil do produtor mudou. Quem permanece na atividade é aquele que tem melhores condições de negociação, custo de produção menor, escala, melhor capacidade de gerir essa oferta, planta soja, não se vê obrigado a vender tudo na colheita. “Um arrozeiro fortalecido fortalece também todo o mercado”, assegura.
FUTURO
Para safra 19/20, Tiago Sarmento Barata, do Sindarroz/RS, acredita ser um período de comercialização também posititvo, com o mercado bastante pressionado pela baixa disponibilidade de matéria-prima. “Mais uma vez teremos uma safra pequena e os estoques públicos e privados estão baixos. Há uma insegurança de mensurar esta posição de estoques, mas nenhuma dúvida em traçar que é um ano de baixa disponibilidade no mercado”.
Além disso, sabe-se que o mercado opera com boa condição cambial, que não deve sofrer nenhuma mudança abrupta no curto prazo. “Isso indica que teremos mais um ano superavitário, boa demanda no mercado externo, vendas maiores do que a importação, pois há grande possibilidade de abrir o mercado do México e outros países importadores.