Reprise à vista

Santa Catarina deverá colher mais de um milhão de toneladas, mas situação dos produtores é preocupante
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Segundo maior produtor de arroz irrigado do país, Santa Catarina deverá colher 1.050.700 toneladas na safra 2011/12, segundo o quarto levantamento da safra de grãos divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em janeiro. Este volume representa um incremento de 5,4% em relação às 996.400 toneladas colhidas na safra anterior. Em termos de área, a estimativa da Conab indica os mesmos 150 mil hectares cultivados em 2010/11. Isto se deve ao fato de que praticamente toda a orizicultura no estado é conduzida em áreas sistematizadas com o uso de sementes pré-germinadas e que dificilmente servem para o cultivo de outros produtos.

Na avaliação do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, a safra vem transcorrendo dentro da normalidade, sem grandes variações. “Nem a seca que atingiu a região sul catarinense deverá afetar o volume a ser colhido nesta safra porque esta é uma região onde os índices de produtividade são mais baixos quando comparados à média do estado”, destaca.

Para o dirigente, no entanto, a expectativa de uma possível reprise da safra anterior traz a reboque o mesmo quadro de dificuldades conjunturais verificado anteriormente pelos agricultores, como preços baixos e dificuldades na comercialização. “Vamos produzir mais de um milhão de toneladas, com qualidade e excelentes índices de produtividade, mas a situação dos produtores é preocupante”, revela Barbieri. “Muitos estão apreensivos porque não tiveram rentabilidade na safra passada e nesta provavelmente também não terão. Alguns inclusive pensam em abandonar a atividade, mas isso é difícil e exige planejamento em razão das áreas estarem consolidadas”, observa.

DIFICULDADES
Conforme Barbieri, em alguns aspectos as dificuldades enfrentadas pelo setor produtivo no estado são até maiores que no RS. “Além da baixa rentabilidade, as áreas aqui são menores, basicamente pequenas propriedades, então não há um fator escala de produção, apesar de colherem em média 12 mil quilos por hectare”, compara. Segundo ele, a crise no setor é crônica e tende a se agravar ainda mais. “As medidas tomadas pelo governo na safra anterior não neutralizaram os prejuízos dos produtores. A maior parte do arroz colhido em 2010/11 foi comercializada a preços baixos e as medidas acabaram beneficiando menos de 1/5 dos agricultores”, afirma.

Predomínio do pré-germinado

A orizicultura em Santa Catarina está distribuída em cinco regiões distintas por suas condições geográficas e edafoclimáticas: alto, médio e baixo Vale do Itajaí, litoral norte e região sul do estado. O cultivo de arroz irrigado é conduzido em 100% da área no sistema pré-germinado, no qual a semeadura é efetuada em lâmina de água, com sementes pré-germinadas.

Além de segundo maior produtor de arroz, Santa Catarina é o estado que detém um dos maiores índices de produtividade do Brasil, 7,1 toneladas por hectare. No alto Vale do Itajaí encontram-se as áreas onde os produtores alcançam rendimentos próximos a 15 toneladas por hectare em um único cultivo, em lavouras comerciais. As condições edafoclimáticas das regiões do médio e baixo vale e litoral norte não permitem tão altos rendimentos em um único cultivo, entretanto, possibilitam que se faça o cultivo do rebrote, ou cultivo da soca do arroz, e com isso os produtores podem alcançar rendimentos de 10 a 12 toneladas por hectare em uma única safra.

O principal produto da agroindústria catarinense de arroz é o parboilizado, o qual é comercializado principalmente nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Nordeste brasileiro. O consumo de arroz beneficiado pelos catarinenses fica em torno de 250 mil toneladas anuais, representando apenas 25% da quantidade total produzida.

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