Revisão do Arroz

Governo, sindicatos, federações e institutos de pesquisa revisaram em agosto, em Florianópolis, Santa Ca-tarina, durante o I Congresso da Cadeia Produtiva do Arroz e VII Reunião Nacional de Pesquisa de Arroz, temas urgentes sobre o cultivo e a comercialização. As questões ambientais e o uso racional da água também ocuparam bastante os congressistas.

 

Transgênico

Uma nova linhagem de arroz transgênico, que aumenta a produção de sementes em até 35%, foi anunciada em conferência internacional sobre biotecnologia nas Filipinas. O arroz, testado na China, Coréia e Chile, extrai cerca de 30% mais de gás carbônico da atmosfera do que sementes comuns. Isso possibilita uma forma de controlar o aquecimento global, explica o biotecnólogo Maurice Ku, da Universidade de Washington, EUA, responsável pela pesquisa. Ku, para obter o ganho na produtividade, inseriu genes de milho ligados à fotossíntese, processo em que as plantas absorvem energia da luz ao produzir açúcares a partir da água e gás carbônico. Os genes fazem com que a planta absorva mais gás.

 

Arrozeiros x AES

Uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se transformou no alvo de uma disputa jurídica entre arrozeiros e a AES Sul/Distribuidora Gaúcha de Energia, em São Borja (RS). A Associação dos Arrozeiros do município ingressou com uma ação coletiva para discutir os critérios utilizados pela empresa no cálculo das tarifas complementares. Os produtores alegam que a concessionária interpreta a Resolução 456/2000, da Aneel, de maneira desfavorável, descumprindo o Código de Defesa do Consumidor.

 

Competitividade

A produção de arroz em Sinop (MT) tem custo inferior ao Rio Grande do Sul. A média por hectare é de R$ 850,00, enquanto os gaúchos desembolsam cerca de R$ 2 mil. O presidente da Associação dos Produtores de Arroz (APA), Angelo Carlos Maronezzi, explica que essa diferença se deve principalmente aos gastos com irrigação no Sul.

 

Cultivares

Hoje, as variedades Cirad 141 e Primavera predominam nas lavouras de arroz em Mato Grosso. Para a próxima safra chegarão ao mercado novas variedades de arroz agulhinha, a exemplo do Mesclado, Talento e Soberano, desenvolvidas pela Embrapa, e Jonas Pinheiro e Jatobá, desenvolvidas pela Agro Norte.

 

Perfume

Sinop (MT) produz uma variedade perfumada de arroz que está sendo comercializada nas grandes capitais pela rede Carrefour. O produto tem escala comercial restrita a um seleto nicho de mercado, por seu preço que oscila na gôndola do supermercado em torno de R$ 15,00 o quilo. A variedade foi desenvolvida no campo experimental da Agro Norte.

 

Anemia

No combate à anemia, há décadas cientistas do mundo inteiro estudam formas de amenizar a deficiência de ferro nos seres humanos. No Instituto para Pesquisas em Biomedicina, na Suíça, estão sendo realizadas experiências com engenharia genética para aumentar o conteúdo de ferro no arroz e melhorar sua absorção pelos intestinos humanos. Para isso, os cientistas introduziram um gene de feijão no arroz para aumentar seu conteúdo de ferro.

 

Censo

O censo para identificar o perfil da lavoura arrozeira gaúcha finalmente foi divulgado. O levantamento foi feito em 90% da área orizícola, atingindo 870.496 hectares em 88 municípios, e envolveu 8.095 agricultores. Ainda sem avaliações complementares, resumindo-se à apresentação dos números e com atraso de duas safras, os dados foram divulgados durante a Expointer, em setembro, em Esteio, e de maneira precária. Segundo consta, a burocracia governamental travou o trabalho dos pesquisadores.

 

Os números

107 hectares é a área média da lavoura de arroz no estado
5.510 quilos por hectare é a produtividade média
58,3% das lavouras gaúchas são plantadas em terras arrendadas
31% dos produtores produzem abaixo de 5.000 quilos por hectare
30% dos agricultores fazem o controle dos custos
3.567 orizicultores tem a região central do Rio Grande do Sul, a que possui o maior número de produtores.

 

Exportação

Os produtores e beneficiadores de arroz do Mercosul querem tornar dinâmicas as exportações do bloco para terceiros mercados. O crescimento da oferta de Brasil, Argentina e Uruguai nos últimos anos produziu um excedente não absorvido no mercado doméstico. As taxas de câmbio favorável nos três países e a capacidade produtiva de aumento da oferta permitem ao Mercosul trabalhar mais o mercado externo.

 

Pesquisa

Um grupo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, coordenado pela pesquisadora Márcia Margis, vem fazendo pesquisas para desenvolver variedades de arroz geneticamente modificado que sejam mais resistentes aos danos causados por insetos, se comparadas aos produtos convencionais. O trabalho tem parceria com a Embrapa Clima Temperado, de Pelotas (RS), que participa com as cultivares que receberão o gene de resistência.

Menos de 35% dos arrozeiros gaúchos são donos da lavoura plantada

 

Barragem

O município de São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, terá barragem para estudo do arroz irrigado. A água para irrigação é o principal desafio para o desenvolvimento de pesquisas na estação da Fepagro, nesse município, segundo o agrônomo Edson Prado, do Irga. O problema será resolvido com a instalação de uma barragem, por iniciativa de Fepagro, Irga e Associação dos Arrozeiros e participação de cooperativas agrícolas.

 

Farinha de Arroz

A utilização da farinha de arroz como mistura na fabricação de massas, bolos e biscoitos vem sendo aplicada e difundida pela Cooperativa Agropecuária de Jacinto Machado (Cooperja), de Santa Catarina, como forma de reduzir a dependência do trigo, já que 80% são importados, especialmente da Argentina. A novidade foi apresentada no Mato Grosso do Sul pelo professor de Agronomia da UFMS, José Fornasiere. Num experimento, ele utilizou, em média, de 15% a 30% de farinha de arroz misturada ao trigo, obtendo ótimos resultados. A farinha de arroz e a mandioca mostram-se como alternativas para adicionar à farinha de trigo.

 

Leilão

O mercado físico de arroz no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina sendo balizado pelos preços obtidos nos leilões da Conab é injusto, segundo avaliação do presidente da Federarroz e da Abrarroz, Artur Albuquer-que. Segundo ele, o produto ofertado nos leilões da Conab é das safras 1999/2000 e 2000/2001, enquanto o arroz vendido pelos produtores às indústrias, no mercado físico, é da última safra, com qualidade superior. “Se o preço pago por uma saca de arroz de duas safras atrás no leilão é de R$ 24,00, a indústria deveria estar nos pagando R$ 25,00, no mínimo, na compra direta, por um produto mais novo”, afirma Albuquerque.

 

Do leitor

Ao contrário do que foi afirmado na última edição, sobre o arroz integral, as vitaminas não se encontram na casca, mas sim concentradas nas camadas externas, compostas pelas várias partes botânicas que compõem a película marrom que se observa após o descasque, pelo germe e por pequena fração do endosperma amiláceo. Logo, as vitaminas e os sais minerais não são fornecidos pela casca. O especialista no assunto Gilberto Amato identificou a falha e a corrigiu.

 

Abertura

São Lourenço do Sul sediará a Abertura Oficial da Colheita de Arroz do Rio Grande do Sul, de 6 a 8 de março de 2003. Paralelamente ao evento acontecerá o 2º Seminário da Cadeia Produtiva do Arroz e a 2ª Expoarroz.

 

Insumos

Os bons preços recebidos pelos produtores de arroz neste ano não serão suficientes para estimular o avanço da área plantada na safra 2003. Os agricultores gaúchos, responsáveis por quase metade da colheita nacional, estão pensando duas vezes antes de ampliar o cultivo, pois os preços dos insumos cresceram em média 25% nos últimos dois meses por causa da desvalorização cambial. Além disso, o Mato Grosso, segundo maior produtor nacional de arroz, vai destinar entre 10% e 15% da área do cereal para o plantio da soja. Pequenos aumentos de área plantada com arroz em Goiás e no Pará compensarão as perdas. Se houver uma variação, ela será de 2% para mais ou menos, calcula o presidente da Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Arroz , Artur Albuquerque. A Companhia Nacional de Abastecimento faz avaliação semelhante e prevê crescimento de 3% a 6% nesta safra.

 

Custo chega a 20,48 por saca

Ficou em R$ 20,48 o custo do produtor gaúcho para produzir uma saca com 50 quilos de arroz na safra 2002/2003, segundo levantamento divulgado na primeira semana de novembro pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga). A oscilação do dólar e o reflexo nos preços dos insumos da lavoura arrozeira são a principal causa da variação de 35% em relação à safra passada, que teve um custo médio de R$ 15,18.

O custo do hectare, que no ano passado foi calculado em R$ 1.703,13, saltou para R$ 2.242,39, 31,7% a mais. O levantamento envolveu a análise de 26 itens como custo da terra, preparo do solo, sementes, adubação, irrigação, transportes, colheita, secagem e juros de financiamento de custeio.

Apesar dos arrozeiros gaúchos estarem obtendo os preços mais atrativos das últimas safras, o cereal atende exclusivamente ao mercado interno, que não está ligado à moeda norte-americana, como ocorre nos insumos. Por isso, há o temor de que os bons resultados sejam perdidos pela elevação dos preços das matérias-primas importadas, principalmente adubos, herbicidas e uréia. Mesmo assim, o Rio Grande do Sul deve aumentar em torno de 1% a área cultivada.

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