Rio Grande do Sul tem quase 20% de área colhida e boas produtividades

 Rio Grande do Sul tem quase 20% de área colhida e boas produtividades

Peso de grão nas primeiras colheitas

Com um quinto das áreas já colhido, o Rio Grande do Sul vem se surpreendendo com as ótimas produtividades.

Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul colheram até a última quarta-feira 168.026 hectares, o equivalente a 17,78%, segundo levantamento semanal do Instituto Rio Grandense do Arro (Irga). O percentual é calculado sobre os 944.841 hectares semeados na safra 2020/2021, conforme verificação das equipes de campo do instituto. As informações são apuradas pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater) por meio das equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural. Com o bom tempo que se manteve, a expectativa é de que até este domingo mais de 20% da área já tenham sido colhidos.

Segundo o relatório do Irga, a região mais adiantada percentualmente é a Planície Costeira Externa, com 28.124 hectares, que correspondem a 26,25% dos 107.158 hectares semeados. A Fronteira Oeste aparece com 72.171 hectares (25,93% dos 278.349 hectares plantados).

Esta parte inicial colhida nas regiões de Uruguaiana e Barra do Quaraí tem surpreendido pelo alto volume em produtividade, segundo Ramiro Alvarez de Toledo Lutz, proprietário de uma das principais consultorias da Fronteira Oeste, a Vetagro. “As produtividades das primeiras lavouras plantadas são realmente muito altas, surpreendentemente acima do que se esperava. E nas que foram cultivadas mais tarde, também se espera um ótimo desempenho. A seca impediu um avanço maior de área, mas o produtor dimensionou bem a relação de superfície semeada e água disponível. Quando a seca começou a apertar e haveria risco, voltou a chover e a insolação ficou na média”, reconheceu.

Segundo ele, algumas áreas arrancaram até melhor do que no ano passado, quando houve um recorde de produtividade no estado. “Mas, isso também dá pra considerar que é resultado de a Fronteira Oeste ter plantado praticamente toda a sua área dentro da melhor época indicada”, acrescentou.

Roger Portela, coordenador do Nate do Irga em São Borja, avalia que nesta parte da Fronteira Oeste o resultado está dentro do esperado. “Realmente as lavouras iniciais estão acima do esperado, mas a expectativa era um pouco mais baixa por causa da estiagem prolongada e da menor disponibilidade de água. Quem plantou dentro das recomendações de época, cultivares e conseguiu fazer um bom manejo, inclusive de irrigação, está colhendo bem”, observou.

O engenheiro agrônomo, Eduardo Munhoz, da consultoria Porteira Adentro, avalia que a Zona Sul gaúcha também tem uma boa colheita, até agora, apesar do alongamento do ciclo das plantas e do atraso para as lavouras ficarem prontas. “Por uma condição climática típica, que é o frio, e mais a estiagem, não nos surpreenderia ver uma colheita muito inferior. Mas, se de um lado o clima não foi tão ruim como parecia, por outro o produtor conseguiu uma renda melhor no ano passado e investiu mais para diminuir os riscos. Também temos uma área que tem investido muito na rotação com soja, e nestas áreas o potencial produtivo de arroz costuma ser maior”, resumiu.

Dalvan Rockembach, consultor na Depressão Central, também considera que as médias das primeiras lavouras estão dentro da média dos últimos anos. “Tivemos dias mais nublados e não tão quentes, também houve um investimento maior em defensivos. Mas, as produtividades iniciais estão muito boas”, reconhece. Para ele, mesmo com uma queda prevista nas lavouras mais do tarde, a média produtiva da região tende a ficar perto do recorde do ano passado. “Mesmo lavouras mais atrasadas estão com um ótimo potencial. Os produtores investiram, acreditando em preços melhores”.

SAFRA NORMAL

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, Alexandre Velho, considera que o ano deverá registrar uma média de preços melhor do que em 2020, pois na temporada passada muitos agricultores venderam ainda na safra por preços baixos, o que não permitiu que a média no Rio Grande do Sul, mesmo com picos de R$ 120,00 por saca, superasse os R$ 65,00. “A maior parte da safra foi vendida até julho. Este ano já se arranca com valores maiores”, explicou. Ele considera que o Rio Grande do Sul deve colher de 7,5 milhões a 7,7 milhões de toneladas de arroz, um volume normal. “O problema é que os custos subiram e subirão mais ainda para a próxima temporada. Estamos estimando algo entre 15% e 20%”, adiantou.

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