Rotação é solo fértil
Estudos de quase duas décadas sobre técnicas em área de várzea estão em manual.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Rio Grande do Sul quer colocar em prática os estudos de quase duas décadas sobre as técnicas e vantagens da rotação de cultura em áreas de várzea. Durante a 14ª Abertura da Colheita do Arroz, nos dias 5, 6 e 7 de março, na cidade de Santa Vitória do Palmar, a Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS) lançou um manual sobre os aspectos tecnológicos de arroz irrigado e os cultivos de milho, soja e sorgo em áreas de várzeas.
Segundo Marilda Porto, pesquisadora da Embrapa, as variedades de sorgo, seja para grão ou silagem, são as mais apropriadas para um sistema de rotação com as cultivares de arroz, por sua resistência a estresses hídricos, seja por falta ou excesso. A soja e o milho são as outras alternativas de cultura, além da pecuária, que pode se integrar ao sistema de produção. Ela observa que a rotação de cultura não visa reduzir as áreas de arroz, mas sim aproveitar o período de pousio para introduzir alternativas culturais e econômicas e também melhorar o desempenho do solo nas futuras safras orizícolas.
A rotação de culturas para as áreas de várzea depende de um manejo apropriado, que tem em destaque a demanda por um sistema eficiente de drenagem para não permanecer inundado ou com excesso de umidade após as chuvas. A umidade em excesso pode prejudicar as cultivares usadas em rotação, pois elas não estão adaptadas para se desenvolverem em condições de estresse.
Segundo a pesquisadora, o sistema de rotação não se aplica aos produtores que trabalham com áreas sistematizadas para cultivo de arroz pré-germinado. Em outros sistemas, as culturas de milho, soja ou sorgo podem ajudar na redução das plantas invasoras, principalmente o arroz vermelho. O ponto fraco do sistema é a falta de cultivares adaptadas à condição de várzea, apesar de diversos programas de melhoramento, com este objetivo, estarem instalados no Rio Grande do Sul.
Recomendação
A rotação de culturas é indicada principalmente para os produtores que têm áreas infestadas com plantas daninhas. A cada ano avançam as pesquisas, tanto que uma das últimas descobertas é a redução do espaçamento do milho. A proposta é aproximar as plantas para cerca de 50 centímetros entre as linhas no sistema de rotação. O espaçamento tradicional, de quase um metro, permite maior penetração de luminosidade no solo, o que ajuda a manter as sementes daninhas que estão prejudicando o cultivo de arroz. Com as plantas mais próximas será menor o tempo de exposição do solo aos raios de luz, o que garante a eliminação de invasoras.
As propostas da Embrapa
1 – O produtor precisa identificar o solo que está trabalhando para definir a necessidade e periodicidade da rotação. O objetivo é melhorar as suas condições, pois a monocultura tende a provocar a degradação física, química e biológica do solo e a queda da produtividade. Também proporciona condições mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas daninhas.
2 – A rotação de culturas consiste em alternar o cultivo das espécies vegetais numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósito comercial e de recuperação do solo.
3 – No planejamento da rotação é necessário considerar que não basta apenas estabelecer e conduzir a melhor seqüência de culturas, dispondo-as nas diferentes glebas da propriedade. É necessário que o agricultor utilize todas as demais tecnologias sua disposição, entre as quais destacam-se: técnicas específicas para controle de erosão, calagem, adubação, qualidade e tratamento de sementes, época e densidade de semeadura, cultivares adaptadas e controle de plantas daninhas, pragas e doenças.