Rumo ao alto
Conjuntura de 2018
garante preços em
elevação para o arroz
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A cadeia produtiva do arroz sabe que não há uma safra ou ano de comercialização igual ao outro. Ainda assim, a trajetória de preços de 2018 segue uma evolução típica: mais pressionada na época da colheita pela maior oferta de grãos e em elevação na medida em que avança o período de entressafra e os produtores mais capitalizados têm capacidade de segurar as vendas. Mas sabe-se que o mercado tem e terá suas peculiaridades.
A média de preços no mercado livre do Rio Grande do Sul, que é referencial para o país por produzir 70% do arroz nacional, subiu, gradativamente, ao longo de 2018 de R$ 32,00, em março, para R$ 45,00 em 15 de agosto, numa alta de 40,6%. E a expectativa é de que avance um pouco mais. Há produtores registrando até R$ 48,00 de preço, mas por lotes muito específicos de variedades nobres (Irga 417, BR Irga 409, Inta Puitá CL e BRS Pampa) com alto percentual de grãos inteiros.
Vale lembrar, no entanto, que muitos produtores utilizaram parte do arroz colhido para pagamento à indústria, em produto, do custeio da lavoura, via Cédula de Produto Rural (CPRs). Os R$ 45,00 representam exatamente o custo médio de produção estimado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) para cada saca de 50 quilos produzida numa lavoura com produtividade de 150 sacas. É bom frisar que o rendimento por hectare das lavouras gaúchas chegou a 159 sacas na safra 2017/18, acima da expectativa.
FATORES
Vários fatores concorreram para a evolução dos preços, que deve se manter até o final do ano, segundo analistas de mercado. O primeiro deles foram os mecanismos de comercialização do governo federal: Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) e o Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) balizaram em R$ 36,01 o piso das cotações da saca de arroz em casca, quando o mercado operava em R$ 32,00 a R$ 33,00, e com tendência de baixa em plena safra. Em Santa Catarina a referência do mercado era R$ 30,00 e já havia operações abaixo disso.
Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior, analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), explica que o mercado vinha com uma expectativa muito pessimista para o primeiro semestre de 2018, esperando uma forte pressão de oferta na safra. A Política de Garantia do Preço Mínimo (PGPM) neutralizou em parte essa expectativa ao balizar o mercado e favoreceu o escoamento do arroz para outras regiões. “O mercado viu que a expectativa baixista não era real, pois todos os fundamentos indicavam a tendência de alta”, explica o analista.
FIQUE DE OLHO
Os mecanismos solicitados pelas entidades setoriais foram importantes porque estancaram a queda dos preços, diluíram a oferta e criaram um limite de comercialização acima dos valores que o mercado praticava. Isso, combinado com outros fatores, ajudou na recuperação mais rápida e em patamares superiores ao que ocorreria sem a intervenção do governo. A partir daí, oferta e demanda se ajustaram, os preços internos e o câmbio muito favorável ajudaram na exportação e barraram as importações, o que também auxiliou na valorização do produto.