Sabores do mundo
A importação garante
o abastecimento dos
arrozes especiais
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Boa parte dos arrozes especiais consumidos no Brasil vem de outros países. A importação é o caminho para superar um conjunto de limitações que vai da indisponibilidade de cultivares adaptadas e conhecimento do manejo mais adequado até os custos de produção.
A Josapar produz uma parte das suas variedades especiais no Rio Grande do Sul dentro do Programa Tio João 100% Grãos Nobres. Gilsomar Farias da Silveira, diretor-adjunto de abastecimento e insumos, explica que a área destinada a estas variedades é pequena por causa das dificuldades de adaptação das variedades estrangeiras ao ambiente, clima e solo do Rio Grande do Sul e também pelo porte do mercado. “Na medida em que a demanda crescer aumentará a produção”, afirma.
Mesmo em produtores individuais que se integram ao programa, todo o processo é acompanhado pela empresa por meio de planilhas eletrônicas, apps em celulares e tablets e uso de QR Code. A Josapar oferece os insumos e assistência e dá garantia de compra. Cada variedade tem um preço diferenciado, de 20% a 100% acima daqueles praticados para o cereal branco dependendo da circunstância de mercado.
O volume produzido ainda não garante autossuficiência ao Brasil. André Ziglia, diretor da Camil Alimentos, destaca a produção do Mercosul, que usa variedades mais adaptadas e tem tradição de fornecimento do grão japonês, mais a Europa e Canadá. Essa peculiaridade interfere na formação dos preços.
Um quilo de arroz carnaroli, dependendo da marca e do supermercado, varia entre R$ 18,00 e R$ 25,00. O cateto pode ser encontrado com o quilo vendido abaixo de R$ 10,00, mas um quilo de arroz branco ou parboilizado tem média de preços inferior a R$ 3,00 e o integral não passa de R$ 5,00.
Ziglia explica que cada arroz especial apresenta uma necessidade climática e cuidados de cultivo específicos para garantir suas características de sabor, textura e aparência, o que também determina o preço ao longo da cadeia produtiva. “Por exemplo: o arroz selvagem cresce submerso em água gelada no Canadá e nos Estados Unidos e tem uma cadeia importada. Por apresentar um custo superior para sua produção e menor demanda de mercado do que arroz comum, seu custo é maior”, ilustra.
No Rio Grande do Sul, a referência em grãos especiais é o empresário Jair Almeida da Silva, de Pelotas, que trabalha há 35 anos com produção, importação e vendas no atacado e considera o consumo promissor. Segundo ele, por se tratar de um nicho de mercado, a viabilidade comercial da produção de arrozes especiais é muito complexa. “O volume é pequeno e qualquer oscilação na oferta causa problemas. No ano passado, uma saca de arroz arbóreo ou japonês chegou a valer R$ 100,00, mas como uma grande produção na Argentina e no Uruguai aumentou a oferta, agora não chega a R$ 60,00”, explica.
Em geral, as variedades especiais têm preços mais elevados do que o arroz branco, mas o manejo é diferente, a produtividade é baixa, entre 3 e 5 mil quilos por hectare, e o mercado é muito volátil. “Além de um mercado inconstante, não temos variedades adaptadas ao Sul do Brasil, exceto por um novo lançamento da Embrapa que está apresentando resultado promissor. Então, não chega a ser uma alternativa interessante para investir no momento. Como é nicho, a baixa oferta é o que ajuda a formar o preço. E como não há variedades competitivas, o custo e o risco são altos”, conclui.
O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) lançaram cultivares de arroz vermelho e preto nos últimos 10 anos, mas elas não se adaptaram ao clima e ao solo do sul gaúcho. Outra dificuldade para quem trabalha com arroz especial é separá-lo, segregá-lo e limpar todo o sistema para evitar a contaminação das cargas por outras variedades. “E esse trabalho todo tem um custo e, como na produção do branco, nem sempre compensa”, avisa Jair Almeida da Silva.
Cores e sabores encantam o paladar do brasileiro e abrem espaço na mesa
DA TERRA – Variedade que chegou com os portugueses, é cultivada e consumida em pratos regionais no Nordeste do Brasil.