Safra atrasada e arroz do sul

Mercado do MT continuará sendo abastecido pelo arroz comprado na Região Sul.

Depois de ceder a terceira posição no ranking dos maiores estados produtores de arroz para o Maranhão, o Mato Grosso se prepara para colher uma das menores safras de sua recente história em 2010/2011. A área plantada, estimada inicialmente entre 197 mil e 209,9 mil hectares, deverá fechar em 170 mil hectares, a menor já registrada em 44 anos, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). 

Com isso o volume previsto pela Conab é de 500 mil toneladas, uma redução de 30% em comparação ao período anterior, quando foram produzidas mais de 700 mil toneladas do cereal no estado. 

Para o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz do Mato Grosso (Sindarroz-MT), Joel Gonçalves, a produção poderá ser ainda menor, algo em torno de 400 mil toneladas. 

Diante da perspectiva de uma safra menor e do atraso na colheita em função das chuvas, o mercado continuará sendo abastecido pelo arroz comprado na região sul do país, mantendo os preços praticados atualmente nos pontos de venda do estado. Joel Gonçalves Filho explica que o governo atendeu a solicitação das indústrias em prorrogar a medida que garante a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para a importação interestadual de arroz. 

Assim, o incentivo, que foi concedido em novembro de 2010 e acabaria no final de janeiro de 2011, foi prorrogado até fevereiro. Ele destaca, porém, que essa situação de ter que importar o produto de outros estados não irá se repetir em Mato Grosso. 

De acordo com o dirigente, o desabastecimento do mercado local forçou a importação do arroz. “Em função do aumento da produção no sul do país, aliado ao estoque de passagem da região que soma dois milhões de toneladas e o excedente da produção em Mato Grosso, os preços ao consumidor ficarão mais atrativos este ano. A previsão, de acordo com os varejistas, é que o valor cobrado pelo produto diminua entre 5% e 10%.

NOVO SISTEMA 

Para o diretor-geral da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Ângelo Maronezzi, a safra no estado, apesar do atraso na colheita, deverá confirmar a previsão da Conab e fechar em 500 mil toneladas, com destaque para a boa qualidade do grão. A empresa aposta no desenvolvimento de cultivares superprecoces de arroz para rotação com soja, sistema que, segundo Maronezzi, poderá definir um novo rumo para a cultura no estado. 

O sistema arroz/soja ou soja/arroz, desenvolvido pela AgroNorte, promete produtividade acima de 70 sacos de arroz por hectare e acima de 50 sacos de soja nos dois sistemas. “O produtor faz a rotação de cultura na mesma estação de verão, durante o período de chuva, favorecendo o solo. Uma característica importante deste sistema é que se o produtor entra com o arroz e por algum problema perde a safra, ele já está com todo o adubo do arroz no solo e pode plantar a soja em cima com baixa adubação, uma vez que há adubo disponível no solo. A mesma coisa com a soja”, garante Maronezzi.