Safra do conhecimento

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SimulArroz: academia e lavoura em busca de soluções para a orizicultura

SimulArroz põe o laboratório
na lavoura e consolida sua
referência em pesquisas em
soluções para a orizicultura
.

A evolução da orizicultura irrigada no Brasil – e no mundo – está ligada às ações de pesquisa e extensão e à qualidade do conhecimento desenvolvido e transferido ao processo produtivo. Nos últimos anos, um conceito de pesquisa acadêmica “pé no barro”, que usa as lavouras como laboratório a céu aberto, tem ganhado notoriedade e impulsiona a geração e transferência de conhecimentos sobre áreas distintas demandadas pelos rizicultores em busca de sustentabilidade. Trata-se do projeto SimulArroz.

A proposta de colocar o laboratório dentro da lavoura – e a lavoura no laboratório – surgiu no Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e já alcança diversas regiões arrozeiras do Brasil e Uruguai. Sem desmerecer a teoria, a ideia é colocar professores, acadêmicos, cientistas, extensionistas e agricultores nas áreas de produção e ali fazer ciência na prática, desvendar os segredos da genética e do manejo, entender os processos e encontrar respostas ágeis e aplicáveis ao produtor.

O professor Nereu Streck, da UFSM, destaca que o projeto nasceu como um modelo ecofisiológico dinâmico baseado em processos e desenvolvido para simular a produtividade de arroz irrigado no sistema por inundação no Rio Grande do Sul. Resulta da associação de características de dois padrões anteriores, agregados por código específico desenvolvido para adaptá-lo à orizicultura gaúcha. Através dele é possível calcular os principais processos ecofisiológicos de um ecossistema, como a acumulação de biomassa de raízes, folhas, caule e panículas, o desenvolvimento da cultura, a emissão de folhas e a produtividade em três níveis tecnológicos (alto, médio e baixo), e atender demandas do ecossistema de produção.

Entre as aplicações estão determinar o potencial de rendimento em função da época e local de semeadura, definir o melhor custo-benefício da lavoura associado às práticas de manejo e auxiliar no planejamento operacional, acompanhamento e previsão de safra. Exemplo é o uso em projeto-piloto da Embrapa para o zoneamento de risco de produtividade da cultura do arroz no Rio Grande do Sul.

EQUIPE
A partir de 2016 foi formada a equipe SimulArroz, multidisciplinar e multi-institucional, de pesquisa e extensão em arroz, soja e milho, que busca a intensificação sustentável na agricultura. São seis equipes nas regiões orizícolas gaúchas: Região Central, Fronteira Oeste, Zona Sul, Campanha, Planície Costeira Interna e Planície Costeira Externa, uma em Tocantins, terceiro principal estado arrozeiro do Brasil, e outra no Uruguai, em parceria com o Instituto Nacional de Investigações Agropecuárias (Inia).

As ações dos especialistas que formam a equipe SimulArroz são balizadas por princípios da agricultura de sistemas e sustentabilidade da propriedade rural. Um exemplo, o projeto Cross-Country Rice Analysis, consiste em esforço mundial para determinar a eficiência de sistemas de produção ao redor do mundo. A equipe SimulArroz é responsável na América Latina pela área de arroz irrigado. “As pesquisas são realizadas nas lavouras, ao invés de parcelas na área da universidade, pois é onde encontramos as condições reais do produtor”, explica o professor Alencar Zanon, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), um dos coordenadores.

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