Safra maior, safra menor

Safra 2009 é 4,7% maior, mas a próxima… .

Os bons preços praticados pelo mercado do arroz em 2008, aliados às boas condições de clima nas principais regiões orizícolas e à tecnologia aplicada nas lavouras do Brasil, levaram o país a uma produção de 12,6 milhões de toneladas no ciclo 2008/09, resultado 4,7% superior à safra imediatamente anterior. A produtividade e o leve aumento de área foram decisivos para este resultado.

A área total semeada no país foi de 2,9 milhões de hectares, 1,2% maior que os 2,87 milhões de hectares do ciclo passado. Destacam-se as regiões Centro-oeste e Sul do país, com acréscimo de 13,6% e 2,5%, respectivamente. O Sul, mais uma vez, se destacou em produtividade.

O Rio Grande do Sul obteve suas melhores médias históricas, com 7.150 quilos/hectare, 3,6% acima da média anterior. Em Santa Catarina, mesmo com adversidades climáticas no início do ciclo, as lavouras renderam 6.950 quilos/hectare, também um recorde histórico. Na média, o Brasil colheu 4.345 quilos de arroz por hectare, com crescimento de 3,5% sobre o ano anterior. O volume ainda está abaixo da média mundial de 4,5 mil quilos em razão das lavouras artesanais e de baixa tecnologia de arroz de sequeiro no Norte/Nordeste, cuja média produtiva não passa de 2 mil quilos/hectare, ou 40% da produtividade do Centro/ Sul, que usa sistemas de terras altas e irrigado.

No Mato Grosso, em razão das chuvas irregulares no final de 2008, a produção cresceu mais por área do que em produtividade, mas o perfil mudou significativamente com o cultivo em áreas velhas – e não de abertura – e com o início do plantio de variedades mais produtivas, de melhor qualidade industrial e culinária e também de híbridos. Na Região Nordeste, principalmente no Sul do Maranhão e no Sul do Piauí, houve perdas produtivas por causa do clima.

Clima e preços serão decisivos

O clima vai definir a dimensão da safra brasileira em 2009/10, que começa a ser plantada em setembro no Sul do Brasil. Até o final de agosto o grande problema para o cultivo no Rio Grande do Sul, que representa 60% da produção nacional, é o baixo nível dos reservatórios de água. O inverno e o outono secos não permitiram a recomposição da água armazenada nas barragens das principais regiões arrozeiras, insumo vital para o cultivo irrigado em várzeas. Na região de fronteira com o Brasil, o Uruguai vive situação semelhante e na Argentina, além do clima, a crise econômica e a política agrícola interna afetam o segmento.

O anúncio da volta do fenômeno climático El Niño complica ainda mais a previsão, pois a tendência é o aumento das chuvas no Sul – que podem recompor as barragens, mas atrasar as operações de plantio das safras gaúcha e catarinense – e seca no Norte/Nordeste do Brasil. Essa situação faz os organismos de pesquisa e setoriais apostarem em repetição de área ou, até mesmo, uma ligeira retração no Rio Grande do Sul. Mesmo que o preço dos insumos tenha caído frente ao praticado no plantio de 2008, o Centro-oeste tende a plantar um pouco menos. Os preços do cereal não foram tão atraentes este ano como em 2008 e a valorização da soja leva muitos produtores a optarem pela oleaginosa. Portanto, o clima e os preços do arroz em setembro e outubro serão decisivos para o dimensionamento da próxima safra agrícola.

Os custos de produção mais baixos na próxima safra 2009/2010 compensarão parcialmente o recuo do dólar e dos preços futuros agrícolas em relação às máximas atingidas no primeiro semestre de 2008. A expectativa de recuperação das vendas de fertilizantes no segundo semestre é um sinal positivo, indicando que produtor está voltando a incorporar tecnologia à safra brasileira.

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