Saldo comercial do arroz tende a fechar negativo na temporada 2016/17

 Saldo comercial do arroz tende a fechar negativo na temporada 2016/17

Arroz beneficiado ficou atrás dos quebrados nas vendas de julho

O movimento já era previsto, diante de uma produção de 10,47 milhões de toneladas e um consumo de 11,50 milhões de toneladas projetados pelos órgãos oficiais para esta temporada.

Depois de uma colheita menor em 2 milhões de toneladas na safra 2015/16 e a necessidade de importar para equilibrar seu balanço de oferta e demanda, o Brasil tende a fechar o ano civil de 2016 com o saldo comercial negativo. O movimento já era previsto, diante de uma produção de 10,47 milhões de toneladas e um consumo de 11,50 milhões de toneladas projetados pelos órgãos oficiais para esta temporada.

No entanto, surfando na crise política e econômica brasileira, o dólar se manteve muito valorizado no primeiro semestre do ano, mas enfraqueceu perto de 75 centavos depois de um pico de R$ 4,00 no final do ano passado. Os preços internos, pelas cotações da época, se mantinham entre US$ 10,00 e US$ 11,00, inviabilizando as importações, mas fomentando as vendas externas.

Sob este cenário, no primeiro semestre do ano o Brasil forneceu 603,9 mil toneladas do grão, em base casca, contra uma importação de 366,5 mil/t. O saldo de janeiro a junho deste ano foi positivo em 237,4 mil toneladas e gerou a expectativa de repetir os números de exportação acima de 1,2 milhão de toneladas na temporada e um superávit acima de 470 mil toneladas de arroz.

No entanto, o mercado interno trancado e valorizado na faixa de R$ 50,50 por saca de arroz em casca e a desvalorização do dólar frente ao real com a mudança de governo, elevou a cotação doméstica para a casa dos US$ 15,00. Desde maio a indústria e o varejo brasileiros passaram a buscar com mais firmeza o cereal no Mercosul. Tanto que em junho a balança comercial foi negativa em 43 mil toneladas. Em julho, novo déficit, mas menor: 13,4 mil toneladas.

A alta de 49,7% nas vendas externas, capitaneadas por quebrados de arroz para a África pela média de US$ 290/t, elevou os embarques para 89,4 mil toneladas, frente as 59,7 mil toneladas de junho. Desde maio as empresas brasileiras e tradings não comercializam grão em casca para o exterior.

No acumulado do ano, segundo dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) com base no Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comérco (Mdic), o Brasil alcança vendas de 693.251 toneladas do cereal em base casca, com média de 99.030 toneladas ao mês. Mantida a média – que vem em queda – os embarques internacionais brasileiros alcançariam 1.188,36 toneladas no ano.

Senegal, Nicarágua, Venezuela, Gâmbia e Peru são os maiores clientes do Brasil de janeiro a julho deste ano, quando o cereal nacional já foi remetido para 63 nações. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que no ano comercial (março de 2016 a fevereiro de 2017) o Brasil exportará 1,1 milhão de toneladas.

IMPORTAÇÕES

Em contrapartida, as compras aumentam e alcançaram o maior volume do ano em julho: 103.587 toneladas. Em 2016 foram adquiridas pelo Brasil 470.103 toneladas, com média de 67.157 toneladas mensais. Mantida a média, o País importaria 805.884 toneladas no ano. O aumento mensal do volume internalizado, porém, poderá gerar um saldo negativo na balança comercial pela primeira vez desde a temporada 2009/10. A Conab projeta, no ano comercial, uma importação de 1,3 milhão de toneladas.

Os maiores fornecedores de arroz para o Brasil são os parceiros do Mercosul: Paraguai, Uruguai e Argentina, por ordem de entradas. Os paraguaios venderam principalmente para São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro 283.544 toneladas, enquanto os uruguaios – com maior demanda do Nordeste – contribuíram com 100.600 toneladas. A Argentina colabora com 74 mil toneladas e, bem distante, a Guiana com 6.223. No total o Brasil adquiriu arrozes de 16 origens, sendo que perto de cinco mil toneladas são de variedades direcionadas a nichos de mercado, como arbóreo, aromáticos como Jasmin e Basmati, grãos curtos e/ou coloridos.

Balança comercial

Arroz (base casca)

Ano         Importação     Exportação     Saldo

2010/11 825,4                2.089,6           1.264,2

2011/12 1.068,0            1.455,2            387,2

2012/13 965,5               1.210,7            245,2

2013/14 807,2               1.188,4            381,2

2014/15 503,3               1.362,1            858,8

2015/16* 1.300,0          1.100,0            200,0

*Projeção Conab

Fonte: Conab – agosto de 2016.

 

8 Comentários

  • Alguém pode me explicar !!!

    Se esse arroz importado é fiscalizado?

  • Qualquer um sabe que Dolar á R$ 3,20 e Arroz a R$ 52,00 o saco, vai abrir, E MUITO, a Entrada de Arroz Importado..Exportação ??? Esqueçam..Só Quebrados para a Africa….Bons Negocios…

  • Previsão para o dolar é R$ 3,00 para o fim do ano.
    Minha opinião é que chega em R$ 3,00 na semana posterior após cassarem a Dilma.

    Mas não acredito em queda acentuada para arroz, este ano.
    O estoque é justo demais.

  • Futuros americanos deram uma puxada forte nos últimos 3 dias: 14%.

    Vale ressaltar que os USA são responsáveis por 10% das exportações mundiais !

  • Pessoal a esperneada eh livre por aqui, mas o cenario eh bem claro… Em outubro o arroz vai começar sua escalada novamente… Vai ficar entre 55 a 60 brutos dependendo da variedade e regiao… Dinheiro do custeio chegou para uma meia (20%) e o resto que empurre com a barriga ou plantara com CPR no 2×1… O banco soh empresta dinheiro pra quem vai pagar… Lavoura barata produçao reduzida… Migraçao e debandada pra soja com os 3 anos de La Nina… A industria vai ter que se preocupar com o preço no exterior… Ano que vem vao ter que importar bem no cedo!!!

  • Em Camaquã, os maiores produtores já comercializaram boa parte de seus estoques, vale ressaltar, se a industria pensa que existe muito arroz por aqui, vá revisando seus cálculos, o crédito está extremamente restrito com uma minoria acessando, portanto existe oferta para fazer caixa para usar no preparo das próximas lavouras, principalmente soja.

  • Caríssimos; Parece que o mercado desmoralizou a tese industrial de que era necessário desonerar importações de arroz pra viabilizar arroz barato pra exportar. Agora que o dolar baixou, perderam competitividade pra exportar e o arroz nacional baixou. E o movimento orquestrado do produtor pra reter arroz, cadê? A industria não vai pedir dolar alto pra manter o mercado externo conquistado? Com a perspectiva de subida iminente dos juros americanos e com o previsível esvaziamento do estoque de arroz do Mercosul, muito provavelmente noveis mães Dinah passarão vergonha mais uma vez! Sds

  • Prezado Miguel, não existe consenso sobre a alta de juros americanos. Isso foi confirmado ontem, na ata do Federal Open Market Committee, os lideres votantes ficaram divididos sobre a possibilidade de elevar os juros em breve, por aquelas bandas.
    A expectativa do dolar, mundialmente, é de valorização perante as outras moedas, porem no Brasil é de desvalorizar fortemente, visto que em 1/4 dos países os juros anuais estão negativos, exemplo disso é no Japão que estão construindo cofres enormes para guardar papel moeda, o que torna o Brasil uma farra para eles.
    Veremos um fluxo de dolares entrando no Brasil como nunca foi visto nas ultimas décadas e consequentemente ele deve derreter ……..

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