Salto exportador reduz queda na balança comercial

 Salto exportador reduz queda na balança comercial

Déficit da balança comercial será muito menor do que o cenário indicava

Brasil exportou 161 mil toneladas em janeiro, contra a compra de 77 mil t.

Pelo menos para alguma coisa positiva serviram as baixas cotações do arroz no Sul do Brasil em pleno pico de entressafra, na virada do ano 2017 para 2018. Com o grão sendo colocado no Porto de Rio Grande entre R$ 39,00 e R$ 39,50, o país voltou a obter resultado positivo na balança comercial do grão em janeiro, quando exportou 161.324 toneladas em base casca, contra a importação de 77.187 mil adquiridas, em especial do Mercosul. No ano, a exportação brasileira cresceu 7% em comparação ao ano comercial 2016/17.

O saldo positivo de janeiro bateu em 84.137 toneladas, segundo relatório da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Secex/Mdic). Com isso, nos 11 meses do ano comercial 2017/18, o Brasil acumula a exportação de 901.797 toneladas e a importação de 1.003.505 toneladas. O saldo da balança comercial do grão continua negativo, mas agora em apenas 101.708 toneladas.

A expectativa é de que em fevereiro, com os preços praticados ainda menores, seja mantido o superávit na comercialização e que o déficit seja reduzido ou, na melhor das hipóteses, até zerado, o que seria uma reviravolta nas expectativas para o ano, depois de o país ter chegado a acumular déficit superior a 250 mil toneladas. Apesar do câmbio e da relação entre custos de produção e câmbio terem mantido o arroz do Mercosul muito atraente para empresas do centro do país, os exportadores conseguiram superávit em julho e de setembro a janeiro, reduzindo gradativamente as perdas acumuladas de março a junho e em agosto.

A forte retração dos preços no Sul do Brasil ao longo do segundo semestre do ano comercial (setembro a fevereiro), a queda dos níveis dos estoques no Paraguai, que enfrenta problemas com logística e armazenagem e os dois a três meses de maturação exigidos após a colheita para o arroz ser processado e comercializado ao consumidor final com qualidade de cozimento, bem como a coragem dos exportadores brasileiros em enfrentar a falta de estrutura portuária para os embarques, têm sido determinantes para estes resultados. As importações brasileiras nos 11 meses da temporada 2017/18 tiveram uma retração de 7%.

Em janeiro o Brasil bateu um recorde de embarques desde dezembro de 2015. Os maiores clientes brasileiros foram os países socialistas americanos: Cuba, com 42.647 toneladas, e Venezuela, com 35.514, apesar dos seus problemas com crédito internacional. Nestes dois países se concentram compras de arroz beneficiado e em casca. A seguir estão os africanos que adquirem quebrados de arroz: Senegal e Serra Leoa, com 33,7 e 22,1 mil toneladas. Depois, o Peru, principal país a comprar arroz do Mercosul, com 10,3 mil toneladas. Estados Unidos, Bolívia, Gâmbia e Bélgica (porto de distribuição para outros países) vêm a seguir com 3,4, 4,3, 2,3 mil e 2,2 mil toneladas.

Em janeiro, no total, o Brasil exportou arroz para 33 países, incluindo Argentina e Paraguai. O arroz beneficiado representou 49% das vendas externas de janeiro, seguido pelos quebrados, 32% e o casca com 18%.

Em contrapartida, o Brasil importou arroz de oito países, sendo que o Paraguai representou 65,5% do volume do mês de janeiro, com 55,5 mil toneladas de um total adquirido de 77,2. O segundo maior fornecedor foi a Argentina, com 18,9 mil toneladas, seguida pelo Uruguai com 7,2 mil toneladas, em números redondos. Da Guiana vieram 122 toneladas. O Brasil ainda adquiriu 480 mil toneladas de arroz arbóreo da Itália e variedades exóticas como jasmine e basmati e grãos curtos e médios de países como Estados Unidos, Paquistão e Portugal.

E agora?

Como os leilões da Conab para mecanismos de comercialização acontecerão apenas depois do dia 20 de fevereiro, não haverá tempo de aproveitar estes recursos para potencializar as vendas do mês. Ainda assim, os preços médios gaúchos caíram em janeiro e fevereiro, permitindo que parte das cargas negociadas fosse competitiva. E isso deve manter um volume alto de carregamentos. Vale registrar que o anuncio de mecanismos só fez efeito depois do dia 31 de janeiro e as cargas de fevereiro foram amarradas entre novembro e os primeiros dias de janeiro.

A expectativa é de que o Brasil consiga realmente “esterilizar” de seu mercado pelo menos de 70% a 80% do volume dos mecanismos comerciais no primeiro semestre do ano comercial 2018/19 (março a agosto). Só isso representaria de 840 mil toneladas a 960 mil toneladas exportadas com este suporte, fora as negociações comerciais livres. O preço referencial do sistema de garantia do governo federal, de R$ 36,01, mais o prêmio de PEP e Pepro, mantém o Brasil competitivo.

A expectativa é de que em fevereiro, pelos preços praticados entre dezembro e janeiro, as exportações mantenham volume superior a 100 mil toneladas e saldo positivo na balança comercial do mês. Isso, se não zerar, deve reduzir o déficit anual. Diante do cenário que se desenrolou em 70% do ano, já pode ser considerado uma grande vitória do setor.

No mercado externo o Paraguai também vem sendo alvo de críticas dos exportadores brasileiros. Se por um lado é altamente competitivo no comércio doméstico do Brasil e põe arroz a preços bem mais baixos em São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, o país guarani vem fazendo oferta de arroz a preços mais baixos em mercados onde atual o Brasil, a Argentina e o Uruguai. Acontece que diferentemente da logística empregada para exportar para o Brasil, de caminhão e com proximidade a grandes centros de consumo, os paraguaios não têm saída direta para o mar e precisam de uma complexa logística para fazê-lo.

Assim, mesmo que não realizem a venda para os compradores, atrapalham todo o mercado ao fazer oferta a preços baixos, pois forçam os demais países a reduzirem suas margens. “Dá pra dizer que hoje o Paraguai está atrapalhando a comercialização do arroz do Sul do Brasil tanto no mercado interno quanto no mercado externo. E afeta também Argentina e Uruguai, direta ou indiretamente”.

 

Balança comercial do arroz  

Ano comercial 2017/18  (Ton/base casca)

Importação: 1.003.505

Exportação: 901.797

Saldo: -101.708

 

Fonte: Secex/MDIC

 

3 Comentários

  • As coisas estão voltando ao normal. Com o preço do saco do arroz a 35,00 é possível exportar arroz. Mas mesmo assim ainda falta capacidade nos portos para exportar grandes volumes. Sabemos que o consumo de arroz no Brasil é de 12 milhões de toneladas por ano, portanto não podemos produzir mais que isso. O governo não faz nada para evitar a importação, segue a lei da oferta e procura, enquanto isso a realidade é arroz a 35,00, está bom assim, quem não consegue produzir a esse preço está na profissão errada. A história nunca mente, quando a produção cai, em anos de el Nino, o preço aumenta um pouco, em anos normais ou lá Nina, o preço normaliza.

  • Seo Marcos se voce consegue produzir ao custo abaixo de R$35,00 e consegue manter a manutencão do maqinário, está de parabens, continue assim e passe a fórmula praqueles q estão individados!!!

  • Bom dia Marcos, tenho certeza que vc consegue, conheço teu jeito de trabalhar, assim como vc conheço mais produtores que vendendo arroz a R$ 35,00 conseguem se manter na profissão, pagando as contas e levando uma vida normal não uma vida nabesca como muitos a fazem.
    Ederson, uma vez estava assistindo uma palestra de uma Administrador Rural, perguntou se alguém sabia quanto era o custo produção do seu produto, infelizmente houve um silêncio geral na platéia.
    Hoje são poucos os produtores que sabem realmente o seu custo, para sobreviver na lavoura temos que ter tudo na ponta do lápis e não sermos papagaios e repetirmos o que algum orgão estatal repete.

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