Saltos produtivos
Lavoura gaúcha experimentou três momentos de ganhos reais
em produtividade por área.
A orizicultura gaúcha responde pela produção de aproximadamente 70% do arroz brasileiro e 25% de todo o volume produzido na América Latina e Caribe. Nas últimas cinco safras foram cultivados no Rio Grande do Sul cerca de 1,1 milhão de hectares, com uma produtividade média alcançada de 7,4 mil quilos por hectare. De 2014 a 2018, a produtividade média das lavouras rio-grandenses aumentou de 7,26 mil quilos por hectare para 7,95 mil, correspondendo a um avanço de 95 quilos por hectare ao ano.
Este ganho foi somente inferior aos 120 quilos por hectare ao ano verificado na década de 1980, com o advento da Revolução Verde, e aos 228 quilos por hectare ao ano ocorridos com a revolução agronômica do Projeto Arroz-RS, que envolveu a primeira etapa do Projeto 10 aliada à tecnologia Clearfield, ocorrida entre 2003 e 2011, na primeira década deste século. A evolução identificada no período 2014/2018 decorre do aumento do uso da variedade Irga 424 CL aliado ao manejo preconizado no Projeto 10+, que, com potentes ações de transferência de tecnologia, levou conhecimento técnico a um grande número de rizicultores gaúchos.
O técnico do Irga em São Borja, Alamir Mora da Silva, juntamente com os engenheiros agrônomos Cleiton Ramão e Gustavo Gonçalves, acompanhou o Projeto 10+ em cinco lavouras demonstrativas, para produzir um projeto de pesquisa na safra 2017/18, que somaram cerca de 75 hectares. A conclusão foi de que enquanto o Rio Grande do Sul obteve média de 7.949 quilos de arroz por hectare naquela temporada, as unidades comerciais dos proprietários chegaram a 10.980 quilos por hectare de rendimento médio e as lavouras demonstrativas a 12.300 quilos por hectare, com a melhor média de unidade de demonstração batendo na casa de 13.490 quilos por hectare.
“O custo médio de rodução ficou em R$ 6.816,00 por hectare e a receita, baseada no preço médio de R$ 33,16 em fevereiro e março de 2018, variou entre R$ 5.272,00 e R$ 8.945,00 por hectare”, adianta Mora da Silva. Segundo ele, esse resultado indica que o manejo preconizado pelo programa resulta em maior produtividade em relação às práticas tradicionalmente adotadas, porém, considerando os custos de produção e o baixo valor de mercado auferido no início de 2018, só atingiu rentabilidade quem produziu acima de 10 mil quilos por hectare, uma saca e um quilo acima da média do Rio Grande do Sul. “É uma situação em que o custo, em evolução mais forte nos últimos anos, e os preços médios mais baixos na hora da colheita acabam também fazendo a diferença, mas ainda assim é importante destacar que nenhuma área do projeto, mesmo com as cotações muito baixas, gerou menos de R$ 450,00 de rendimento médio”, diz Alamir Mora da Silva.