Salvação da lavoura
Projeto 10 e controle de inços pelo Sistema Clearfield® alavancaram rendimentos
Em 2002, os rizicultores gaúchos foram apresentados a uma proposta que iria mudar o panorama das lavouras de arroz do estado e teria um impacto profundo sobre a realidade da zona sul: o Projeto 10.
Desenvolvido no Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o programa definiu uma série de práticas de manejo capazes de organizar o processo produtivo com o objetivo de aumentar a produtividade, garantir mais qualidade, reduzir custos e impactos ambientais.
Considerado o “pai” do Projeto 10, o engenheiro agrônomo Valmir Menezes aponta que adiantar o calendário de semeadura para meados de setembro ao fim de outubro foi, talvez, a primeira grande virada de chave da zona sul.
Experimentos conduzidos por Menezes mostraram que as lavouras plantadas entre o fim de outubro e novembro tinham menor produtividade devido, principalmente, ao baixo aproveitamento da luz e ao risco de enfrentar mais frentes frias.
Menezes disse que a mudança do calendário de semeadura não foi o único passo. “Ao plantar mais cedo, o agricultor aprendeu a usar cultivares de ciclo médio e, ao deixar de lado as cultivares precoces, viu mudar sua produtividade. São pequenas mudanças fundamentais para o avanço experimentado”, indicou.
Os pesquisadores também mostraram que os produtores do sul usavam sementes de mais e nutrientes de menos, que a irrigação e o controle de invasoras eram tardios e que esses atrasos afetavam a produtividade. Outra mudança foi em relação à ureia, até então aplicada em água, que gerava perda de 60% da sua eficácia, que passou a ser usada no seco.
Para garantir a transferência de tecnologia, o Irga investiu na capacitação além dos produtores e administradores, em especial a quem está diretamente envolvido na produção. Mais de 16 mil funcionários de granjas e três mil agrônomos participaram de treinamentos.
Ao valorizar os trabalhadores da cadeia de produção, os técnicos conseguiram criar um ambiente favorável para trabalhar a base do Projeto 10 e enfatizar a importância do controle do arroz vermelho, praga que comprometia as lavouras do sul.
Novo elemento
Neste momento, entra em cena outro elemento essencial ao controle do arroz vermelho e que ajudou a potencializar os resultados do Projeto 10: o Sistema Clearfield®. “Foi um casamento perfeito”, disse Menezes.
Lançado pela Basf no Brasil em 2003, o Sistema de Produção Clearfield®Arroz apresentou um conjunto de soluções de controle do vermelho baseado no uso de sementes CL certificadas e isentas de vermelho, a aplicação de herbicidas elaborados sob medida para as lavouras e um programa de monitoramento.
A força da combinação do Projeto 10 com o Sistema Clearfield® pôde ser notada já na safra 2005/06, quando os produtores da zona sul, apesar de reduzirem em 13% a área plantada, alcançaram produtividade 27% maior. A superfície semeada com arroz saiu de 179,2 mil para 154,7 mil hectares, enquanto a produção saltou de 5,6 para 7,1 ton/ha, gerando produção de 1,1 milhão de t.
Essa foi a primeira vez que a região registrou produtividade superior a seis toneladas por hectare e, desde então, se mantém. Nos últimos cinco anos, a média tem ficado acima de oito toneladas por hectare.