Se está assim, imaginem ano que vem!
Autoria: Henrique Osório Dornelles.
Mesmo com todo o empenho financeiro do Governo Federal, os preços do arroz continuam a não remunerar o produtor. Depois do pior, vendas de arroz inferiores a R$19,00/sc na safra, o setor amarga mais uma ressaca. A menos de R$1,80 para chegar ao tão sonhado preço mínimo, as cotações despencaram distanciando-se mais de R$2,80, aproximadamente R$23,00/sc. A perda de liquidez foi imediata. Numa semana todas as indústrias interessavam-se na comercialização. Na outra, todas fora de mercado. A coincidência foi à época, a mesma do acerto com os bancos. Será coincidência?
Mas que infelicidade! Depois de todo o recurso público anunciado, o alvo não foi alcançado. Estamos começando o plantio da nova safra e o cenário novamente sofre uma dura mudança.
Notícias sobre ferramentas para ajuda ao setor, intenções, ações políticas são corriqueiras em nossos meios de comunicação. Usinas de etanol, força tarefa para credenciamento de armazéns da CONAB, mecanismo de apoio ao escoamento de arroz para ração animal, doação de arroz público para ações humanitárias chegam a soar como música aos ouvidos do arrozeiro. Mas a realidade é completamente diferente. Tudo isto está muito distante!
Os motivos são os mais variados para explicar a queda de liquidez no mercado do arroz. A redução significativa dos prêmios do PEP e PEPRO foi uma delas. Parece pouco, mas é relevante! Tanto é que o mercado esfriou tão logo anunciado a redução. Mas que fragilidade? Não pode ser! O mercado doméstico é de 12 MMT/ano e a exportação, para este ano, espera-se os incríveis 1,4 MMT. Como é que pode ser tão sensível?
E as importações do Mercosul? Desde julho mudaram significativamente o perfil, praticamente dobrou em relação aos meses de abril, maio e junho, mas ainda é baixa, ao redor de 90 MT/mês. Como é que pode influenciar o mercado? Segundo depoimento, isto bastou para dar o indicativo de que o preço acima de U$12,00 é atrativo aos nossos competidores, que também possuem excedentes.
Para não micar com arroz comprado a preços maiores aos praticados na Argentina ou Uruguai, o Paraguai já vendeu quase toda a sua safra, as indústrias de beneficiamento saem de mercado e praticam tabelas de preços inferiores, buscando maior competitividade ou rentabilidade. Este é o capitalismo! Ao produtor o regime é socialista! Não domina o preço, vende por determinado valor e invariavelmente recebe outro. É a balança da fazenda que está sempre errada, a impureza muito alta, a qualidade inferior…
Mas como é que algum dia poderemos equacionar tudo isto? É um desafio impressionante às lideranças e também ao governo. Mas é preciso mais que vontade, é preponderante a coragem. O arroz é muito importante para o Brasil e principalmente ao RS! Quanto é arrecadado de alíquota de ICMS? Quanto representa somente a distorção da pauta fiscal? Façamos um comparativo com a soja! Falando em pauta fiscal, parece que um Deputado Estadual interpretou esta arrecadação extra como inconstitucional, Dep. Marlon Santos – PEC 217/2011. Pelo menos um tentando desonerar!
O que nos espera para o ano que vem? O Governo Federal não poderá agir como este ano, que praticamente impôs o prejuízo para depois prorrogar. Será que não deveriam mudar o foco? Com exceção do PEP, estamos novamente a estocar ao invés de escoar. E o estrutural? O economista José Roberto Mendonça de Barros já anunciou "a doença dos custos altos no agronegócio" durante palestra no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima.
É hora de plantarmos a próxima lavoura e a estratégia de comercialização. Certamente trabalharmos mais um ano com mecanismos federais de apoio idealizados há duas décadas passadas não será um belo cenário.
3 Comentários
SR HENRIQUE..PARABENS PELO SEU ARTIGO, ACREDITO QUE DEVEMOS TER ALGUMAS ACOES PARA O PREÇO SUBIR….
– INCENTIVAR A EXPORTAÇÃO DE ARROZ ABRINDO NOVOS MERCADOS.
– AUMENTO DO CONSUMO INTERNO, COM PROPOGANDA INFORMANDO OS BENEFICIOS DE COMER ARROZ.
– DIMINUIÇÃO DA AREA PLANTADA AQUI NO RS EM 20%, JA QUE EM SC E MT A AREA FOI REDUZIDA.
ISSO SERIAM MEDIDAS POSSIVEIS DE SEREM FEITAS A CURTO PRAZO, POSSIBILITANDO APRIMORAMENTO DE OUTRAS MEDIDAS A LONGO PRAZO (etanol de arroz, aumento de alicota de importação, ETC…).
Primeiramente cumprimento o Senhor Henrique pelo belo artigo aqui publicado!
Nós produtores de arroz brasileiros, estamos jogados a própria sorte, não sabendo o futuro da nossa atividade, cada vez mais endividados, pagando a conta por produzirmos com eficiência e, sobretudo, cumprindo com as obrigações sociais que nos são impostas pelo direito e pela moral, nas relações trabalhistas e ambientais. Pagamos os mais caros preços para produzir no mundo e ainda somos eficientes, em troca desta competência, recebemos arroz vindo de todos os lugares do mundo sem nenhum custo de tributos que nos são impiedosamente cobrados tanto pelo Estado como pela União. Há passado a hora de reagirmos de forma a darmos uma resposta ao descaso do governo e dos nossos representantes e líderes que até o momento vem sendo muito complacentes com a situação ora exposta. Não podemos mais sofre os abusos que estamos amargando passivamente. Acreditamos que somos capazes de reverter essa situação, com a ajuda de DEUS, amansamos a terra e dominamos as água para plantar e colher, e com nossa união, habilidade e PROTEÇÂO DIVINA, iremos vencer essa árdua luta contra a inconsciência HUMANA.
Prezado Sr. Henrique..
A mais de 20 anos como representante comercial no estado do Ceará e em todo este tempo tempo como principal negocio, a venda de arroz,ano após ano
a choradeira dos produtores é a mesma, os preços naõ reagem.
Entra governo e sai governo a ladainha é a mesma, a soluçaõ esta nas mãos dos produtores, reduzam a area plantada.
Nunca vai adiantar a produçaõ muito maior que o consumo, com o partido politico que esta mandando no Brasil, o arroz esta sendo usado com o arma politica.
Qual é o maior prejuizo para o governo, refinanciar a s dividas dos produtores a juros absurdos, ou perder as eleições no rgs?
Victor Hugo
Pradma Reptrsentações
Fortaleza-ce