Se quer mudanças, Buske
Inovador, Jair Buske dá
até oficinas de manejo
por convite do Irga.
A estrada da Picada do Rio, costeando um cerro e com uma enorme extensão de várzeas cobertas de plantações de arroz até onde a vista alcança, é um dos lugares mais marcantes em Agudo. É a localidade em que planta Jair Buske, um exemplo de arrozeiro quando se trata de manejo, busca de soluções para a lavoura e obtenção de altos rendimentos por área. Tanto que ministra oficinas a convite do Irga.
Buske adota rotação de culturas e sistemas de manejo em 80 hectares e integra os projetos de elite do Irga e de outras instituições privadas. Sua meta é uma lavoura sustentável e competitiva, e lança mão de todas as tecnologias ao seu dispor. É um estudioso inquieto.
Depois de sete anos no cultivo pré-germinado para evitar o arroz vermelho, se deparou com um novo desafio: ervas aquáticas resistentes a herbicidas e excesso de movimentação do solo. Com isso, retomou o cultivo mínimo em 70% da área e após a rotação com soja e cobertura de inverno, 30% dos quadros são de plantio direto.
Em 2017/18, Buske está cultivando apenas 2 hectares com soja e 1 com milho. Nem todas as áreas permitem a rotação. Segundo ele, usar a oleaginosa em áreas favoráveis é um bom negócio para o arroz. “Não quer dizer que a soja vai te dar lucro imediato. É manejo de longo prazo, e na várzea ela tem custo de produção 10 sacos acima do Planalto, pois exige calcário, um manejo excelente, é mais sensível ao clima e usa mais as máquinas. Mas o resultado muda da água para o vinho”, assegura. Ele afirma que em áreas muito infestadas, a produção de arroz cresce de 50 a 100 sacos após dois anos de soja no quadro.
No inverno, Jair Buske mantém pequena área coberta por serradela, azevém e… trigo. É para assegurar a cobertura do solo, palha adequada e a ciclagem de nutrientes. “A serradela é excelente, mas não se acha sementes. O trigo é uma experiência em áreas favoráveis, 1 ou 2 hectares, sem expectativa de lucro, apenas para ciclar e aproveitar melhor os nutrientes e cobrir e melhorar a estrutura do solo”, reconhece. Ele alerta que para adotar essa prática é preciso uma gestão pontual. “Tem que estar com o pacote pronto, plantar na hora certa e colher a tempo de entrar com o arroz”, avisa.
Como a área é muito usada para roteiros técnicos por empresas privadas e públicas, ele mantém um quadro de alguns metros quadrados sem tratamento para invasoras. “É para mostrar como seria a lavoura se não se usasse rotação de culturas e de sistemas e o manejo do solo para evitar arroz vermelho”, avisa. Sua área é usada há 80 anos e por quase 70 recebeu arroz após arroz. “Por isso exige todo o cuidado necessário. Hoje, para obter renda é preciso produzir bem. E para isso o solo deve ser bem cuidado”, avisa.
VERMELHO
Uma experiência da Syngenta deixou Jair Buske de “orelha em pé” para o arroz daninho. Na sua lavoura, a empresa coletou área de solo de 20×20 centímetros e 10 centímetros de profundidade para analisar o tamanho do banco de sementes da invasora. A amostra indicou a presença de 323 sementes viáveis por metro quadrado, sendo mais de 70% resistentes a herbicidas. Com manejo de solo e rotação, a presença do vermelho reduziu para 113 sementes por metro quadrado. No segundo ano caiu para 17 sementes por metro quadrado. A expectativa é que com o manejo adequado esse número caia para dois. “De qualquer forma, é mais fácil conviver com 17 sementes de arroz vermelho no solo do que com 323 por metro”, lembra o produtor.